21 de junho de 2010

Resiliência



"Aquilo que não me destrói me fortalece", ensinava o filósofo Friedrich Nietzsche. Este poderia ser o mote dos resilientes, aquelas pessoas que, além de pacientes, são determinadas, ousadas, flexíveis diante dos embates da vida, capazes de aceitar seus erros e aprender com eles. Sob a tirania do relógio, nosso dia a dia exige grande desgaste de energia, competência e um número cada vez maior de habilidades. Sobreviver é tarefa difícil e complexa, sobretudo nos centros urbanos, onde vivemos sobressaltados e estressados.

O capitalismo, por seu lado, empurra o cidadão para o consumo desnecessário. Juntam-se a isso o trânsito caótico, a saraivada cotidiana de más notícias estampadas nas manchetes e decepções diárias e pronto: como consequência, ficamos frágeis, desesperançados e perdemos muita energia vital. Se de um lado a tecnologia parece estar a nosso favor, de outro ela acelerou o ritmo da vida e nos tornou reféns de aparatos que se renovam continuamente. E assim ficamos brigando contra o... tempo!

Haja resiliência! Essa é com certeza uma expressão adequada aos dias de hoje. Só a paciência já não basta. Além de pacientes, precisamos ser determinados, confiantes, ousados e ao mesmo tempo flexíveis e conscientes para manter os problemas em perspectiva - alguns têm solução, outros não -, deixar que o tempo se encarregue de mostrar os caminhos e, sobretudo, aprender a olhar de forma diferente para eles com estratégias de contornar as adversidades.

A resiliência é caracterizada por um conjunto de atitudes adotadas pelo ser humano para resistir aos embates da vida. Esse termo se origina de uma ciência exata, a física, e significa a capacidade que os corpos têm de voltar à sua forma e estado originais, depois de serem submetidos a um grande esforço ou pressão externa.

Disse um mestre: "Não podemos evitar as ondas do oceano, mas podemos aprender a surfá-las." O surfista tem jogo de cintura, agilidade, presença de espírito, conhece o mar, conhece os ventos favoráveis e sabe a hora de pular fora da onda, pois logo atrás já vem vindo outra!

A atitude resiliente, no entanto, não é sinônimo de força ou coragem no sentido mais heróico do termo. Ela pressupõe também uma sabedoria e uma criatividade, um discernimento que aparece como consequência de experiências anteriores, algo que também é um ganho, à medida que as adversidades vão criando uma espécie de "musculatura interior".



Numa pessoa resiliente devem estar presentes a capacidade de adaptação e a flexibilidade. Ela deve ser capaz de promover as mudanças necessárias quando são inevitáveis. A resiliência pode e deve ser exercitada; ela não é algo herdado ou um traço de personalidade. Como podemos fazer isso? Aqui vão algumas dicas para se treinar a resiliência:

Em primeiro lugar, não negar o problema quando ele bate à sua porta; a negação só faz aumentar seu tamanho, assim como acentuar a resistência para as mudanças. As soluções podem começar a aparecer a partir dessa compreensão.

Uma vez que a vida é inexoravelmente mutável e transitória, as reações de controle e de apego são ineficazes. Bem ao contrário do que se pensa, exercer muito controle sobre tudo e todos não é uma solução; os eventos da vida têm um curso próprio que independe da nossa vontade e da nossa opinião. Respeitar o curso natural das coisas nada tem a ver com uma atitude de resignação. Significa simplesmente não nadar contra a corrente dos fatos. Reconhecer e assumir as próprias fraquezas e incompetências é, antes de tudo, um ato de coragem.

Adotar uma perspectiva de aprendizado, quando algo traz muita contrariedade ou angústia. Há muitas maneiras de sofrer: podemos sofrer com inteligência ou com burrice! Na primeira, há mais crescimento e dignidade; na segunda, a pessoa se coloca na posição de vítima e desencadeia uma busca de culpados, assumindo uma postura errônea, que acaba por paralisar sua vida. As experiências difíceis são de grande valia, pois criam "anticorpos" que nos protegerão em outras situações de risco. Da mesma forma, o trabalho psicoterapêutico pode mostrar que não precisamos nos identificar com o sofrimento, mas podemos examiná-los, compreendê-los e aprender com eles.

Use todo e qualquer instrumento tecnológico a seu favor e empregue o seu discernimento para não se tornar refém das tecnologias. O excesso de informação é estressante, leva à dispersão e não pode nunca substituir com vantagem o contato pessoal, o afeto e a convivência com as pessoas queridas.

John Lennon dizia que "a vida é uma coisa que acontece, enquanto você fica preocupado, fazendo planos". Assim, não se preocupe demais com o futuro. Sofrer por antecipação é um dos hábitos mais negativos do homem contemporâneo. A ansiedade é corrosiva para a saúde, afeta o sistema imunológico e sua base é o medo e a falta de confiança. O pânico, as fobias e a depressão são os sintomas da demolição dos nossos esquemas mentais de segurança.


Não há fórmulas mágicas para superar crises e dificuldades, sejam elas quais forem. Mas o indivíduo resiliente tem um diferencial na sua forma de atravessar esses momentos. Concentração, foco e tolerância podem moldar um jeito diferente de olhar os nossos problemas. Felicidade é também um modo de interpretar a realidade.


Um comentário:

Meire Oliveira disse...

Miga, foi tu que escreveu a segunda parte do post foi??? Se foi vc é mais inteligente do que eu achava (e olha que o que eu achava num era pouco) Adoro esse tema "resiliência", hj em dia é tão fundamental ter essa amiga por perto, pois sem ela fica difícil caminhar, porque se a cada tropeço eu me jogar no chão e chorar num levanto mais, num é amore?!!!!

besos :)