31 de julho de 2012

Sobre o medo da morte




Desde o início dos tempos, a questão da morte e da finitude muitas vezes acaba por alterar a tranqüilidade e o prazer de existir, freqüentemente sendo substituída por fluxos de pavor e mesmo de desorganização psíquica.
As perguntas que ficam em relação ao tema permeiam questões sobre o desconhecido, sobre a própria finitude, sobre a razão da vida, sobre o que é transcendente.

Ao longo de nossas vidas, inúmeras são as vezes na qual vivenciamos ciclos emocionais repetitivos. Isso se deve ao fato de que "lá", quando ainda éramos crianças e com os recursos e conhecimentos limitados que pode ter uma criança, entendíamos que nos manifestando com determinados padrões de comportamento na certa seria o melhor para sobrevivermos a situações conflitantes.

Ocorre que com o desenvolvimento que vem através da linha do tempo e com as novas oportunidades que a vida nos oferece, gradativamente podemos perceber que o que foi entendido pela nossa criança daquele tempo, pode ser totalmente redimensionado, abrindo espaço para novos conhecimentos sobre nós mesmos, bem como sobre as nossas relações para com a vida. Infelizmente, porém, não é sempre que este tipo de transformação saudável acontece.

Infinitas são as vezes quando caminhamos rumo a novas experiências, porém ainda fixados em referências antigas que de nada nos servem para as dinâmicas das nossas atualidades individuais e únicas. Talvez por questões traumáticas, pelo medo excessivo ou pelo grau de fixação de prazer distorcido, advindo de respostas da infância, torna-se possível a indefinida perpetuação numa situação de realidade onde já não há mais validade alguma para a atual consciência evoluída. Neste sentido, existe uma emergência silenciosa de se sair desta espécie de bolha.

Note que ao nos perpetuarmos neste ciclo vicioso, sem que percebamos, acabamos por interromper a plena vivência de aspectos fundamentais das nossas existências. Por consequência, grande parte da energia que possuímos fica represada de modo circular, gerando um tipo de hipnotismo que literalmente impede o mergulho numa realidade mais profunda do existir.

Por vezes, num engano atroz e por medo do desconhecido que representa sair da "bolha" e de se atirar no mundo da realidade, pessoas e mais pessoas acabam por se perpetuar nas mesmas questões emocionais, vagueando como sonâmbulas, mudando os cenários vivenciais, mas não as questões emocionais envolvidas; permanecendo num local em que nada se recicla.
É exatamente nesta situação que a vida não acontece.

O medo de morrer, neste sentido, ocorre quando a pessoa sente que ficou em dívida consigo mesma, com a sua própria vida. Deixando de lidar com o mundo da realidade, com as alegrias e com as frustrações inerentes a todo aquele que efetivamente está vivo.

Quem deixa de vivenciar aspectos fundamentais de sua própria vida, pode ter um medo da morte cristalizado. É freqüente a pessoa saber que tem uma conta a pagar a si mesma e, quer seja pela falta de coragem ou pela falta de iniciativa, sente que não aconteceu a renovação do que já estaria morto.

A grande questão é a de se nutrir de coragem e por vezes pedir auxílio quando se fica mais consciente deste processo de sair da bolha conhecida que se manteve anos a fio selada em meio a um montante de ilusões, sonhos de realização, idealizações e medos.

Nesta situação, para que efetivamente ocorra uma ruptura e, por consequência, uma transformação de vida, o "Eu" deve estar suficientemente fortalecido para que se possa comandar com total força transformadora toda essa mudança paradigmática.

Observem que a questão da morte, da finitude, é um assunto que sempre interessa. Os sentimentos envolvidos podem ocorrer em um rompimento afetivo, na perda de um animal de estimação, de pessoas próximas e mesmo no vislumbre da nossa própria morte. É lógico que o processo de desligamento seja muitas vezes complicado. Existem inúmeras questões envolvidas. Aqui, falo da plenitude da vida para que possamos de algum modo alcançar o que nos espera na condição de humanos que somos de modo mais autoconsciente e lúcido.

Tendo a absoluta certeza de que as nossas existências estão validadas!

É quando nos tornamos incorruptíveis no caminho de volta, pelo fato da autoconsciência adquirida. Na sequência, nos encaminhamos a perceber que essas mesmas dimensões/bolhas se tornarão apenas imagens, depois memórias distantes e, logo após, alcançamos o status de se ficar totalmente desidentificados com o antigo lugar. É neste momento que a vida começa por ficar totalmente dinamizada de outro modo.

Nesse palco terreno, todos somos protagonistas, elegemos os antagonistas com os quais lutaremos e, nessa épica luta individual, almejamos sair vitoriosos e por vezes a vitória consiste em apenas abandonar um ciclo que se repetia e que não levava a lugar nenhum. 
Penso que a vida deveria ser encarada mais esportivamente, aprendendo a dar valor tanto às derrotas quanto às vitórias.

Esse tema sobre vidas não vividas também é muito oportuno, porque vejo isso o tempo todo em muitas pessoas, sendo que essa cobrança sobre sonhos e projetos não realizados é muito comum. Também vejo pessoas que, para fugir dessa frustração, dizem viver só o momento presente, abrem mão de projetos e sonhos para não ter que enfrentar possíveis derrotas.

A filosofia poderia ser: "Deixe a vida me levar, mas que eu tenha o leme em minhas mãos".


Silvia Malamud 



30 de julho de 2012

Sobre o assédio moral no trabalho




Antes de qualquer coisa, é importante compreender o significado do trabalho na sociedade moderna capitalista, onde ele transcendeu o aspecto econômico para se relacionar à identidade do indivíduo, ou seja, ele passa também a se reconhecer (ou se perceber) através daquilo que produz.

Essa mudança na forma de encarar o trabalho favoreceu o desenvolvimento do indivíduo, que pôde pensar em seus projetos pessoais, profissionais, e no tradicional projeto familiar. O novo significado do trabalho tornou-se tal, que Freud, no início do século XX, quando questionado sobre as características de um adulto normal, respondeu ser aquele capaz de amar e trabalhar - enfatizando a importância do trabalho para a realização humana.

Além disso, o trabalho insere o ser humano numa cultura moldada por relações de poder, afetando, de forma mais ampla, seus valores, sua auto-percepção, sua orientação da realidade e o próprio funcionamento intelectual. Inclusive, a Psicologia Social foca grande parte do seu trabalho no estudo das conseqüências psicológicas que o trabalho traz para as pessoas.

Os avanços da tecnologia e as transformações da produção exigem cada vez mais do trabalhador, seja ele técnico, gerente, diretor ou presidente. A competitividade e as incertezas de um mundo globalizado também mudaram a forma como o indivíduo se relaciona com o próprio trabalho, gerando angústias e dificuldades. Ou seja, as empresas fazem exigências cada vez maiores, para produzirem cada vez mais e melhor, em um ritmo acelerado e até desumano. Elas estão criando um clima facilitador para o assédio moral no trabalho.

O assédio moral se caracteriza pelo comportamento abusivo de um chefe ou superior que toma atitudes tendenciosas e discriminatórias contra um funcionário, o qual muitas vezes, por medo de perder o emprego, permanece em silêncio e sofre sozinho. É caracterizado por atos de intimidação e práticas de humilhar, rebaixar, intimidar o outro, no local de trabalho. São práticas que individualizam o problema em uma só pessoa, tratam aquele homem ou aquela mulher como incapaz, quando é resultante de condições outras de trabalho.Envolve atitudes e comportamentos visíveis e invisíveis praticado por gestores, colegas e empresas que levam à 'destruição' do trabalhador ao provocar, gradativamente, intenso sofrimento, adoecimento e perda do emprego.

Atos vexatórios na frente de colegas de trabalho repetidas vezes, exigência de produtividade acima da capacidade do trabalhador, negativa de férias, boicotes à promoção, indiferença, ausência de feedbacks ou feedbacks negativos e transferências desnecessárias, são apenas alguns exemplos de atitudes que culminam na perda da auto-estima do trabalhador. A partir daí, ele passa a duvidar de sua própria competência.

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho, a violência moral contra o trabalhador ocorre em diversos países desenvolvidos e pode levar a sérios problemas de saúde mental. As consequências são semelhantes às do assédio sexual: sofrimento físico e psicológico, como ansiedade, insônia ou sonolência excessiva, crises de choro, insegurança, depressão, sentimento de menos valia, dores generalizadas e freqüentes (de cabeça, no corpo, no peito), problemas respiratórios, distúrbios digestivos, tremores e nos homens, marcadamente, o consumo acentuado de bebidas alcoólicas.

Costumo dizer que todo sofrimento humano torna-se bem mais fácil de ser superado quando é compartilhado, e o mesmo vale para o assédio moral. Assim como no assédio sexual, é preciso coragem para enfrentar o problema de frente.

Não existem normas específicas suficientes no Direito do Trabalho sobre o assunto, por isso, as ações contra os empregadores costumam pleitear reparação por danos morais. Os Sindicatos e até o Ministério Público também estão atentos ao assédio moral, orientando e apoiando as vítimas.

O assédio moral é um problema que vem se agravando ao longo dos tempos. É uma séria violência contra o trabalhador e consequentemente à sua família e à sociedade. Ressalto a necessidade do funcionário, a despeito do nível hierárquico ao qual pertence, exigir ser tratado com respeito e dignidade, lutando por aquilo que lhe é importante. Por isso ele tem como obrigação denunciar seu empregador. Afinal, presenciar uma violência em silêncio é igual tê-la cometido, ainda que seja contra si mesmo.




Valéria Meirelles 

29 de julho de 2012

Como terminar a relação com ética e respeito pelo outro!



Gosto demais do verso da música "Assim caminha a humanidade" do Lulu Santos que diz "Não imagine que te quero mal. Apenas não te quero mais"! Penso que ela expressa muito bem o que sente quem decide romper um relacionamento.

Isto é, para quem não quer mais, parece óbvio e muito justificável o término da relação. E é mesmo, convenhamos. Afinal, não existem garantias para o amor e sabemos que se trata de um constante compartilhar e não de um "para sempre".

Porém, para quem não é mais querido, embora possa saber que o outro tem o direito de não gostar mais, o fim da relação pode terminar se configurando como uma fase bastante difícil.

Mas se é verdade que, em geral, o verso do Lulu Santos reflita bem o que significa o fim - não desejar mal ao outro - também é verdade que provoca certa tristeza, algo parecido como um luto emocional. Todo fim tende a nos causar um pouco de aflição e frustração. Portanto, se você quer evitar despertar o excesso desses sentimentos tão ruins e tão incômodos, considerando que seu desejo é de que o outro seja feliz, encontre alguém legal e consiga assimilar este momento, tome alguns cuidados fundamentais!

1. Comunique o fim com respeito!

Do mesmo modo que você certamente tentou ser encantador no momento da conquista, seja no mínimo gentil no momento do término. Uma conversa num tom amigável, olho no olho, e bastante sincera, faz toda a diferença!

2. Seja coerente!

Não ouse brincar com o coração alheio, porque isso é uma das piores incoerências que alguém pode ter no momento de romper uma relação. Falar uma coisa e demonstrar outra só serve para confundir e angustiar ainda mais o outro. Ser gentil é uma coisa, mas ser sedutor e infantil é outra!

3. Seja firme, mas suave!

Esclarecer os motivos pelos quais você deseja terminar podem ser extremamente úteis ao outro, porém, fique atento a dois sinais: o primeiro é se a pessoa quer saber os motivos, se está preparada e madura para ouvir o que você sente e pensa a respeito dela. E o segundo é que, ao falar, você seja firme, mas suave. Ou seja, não é mais momento de acusar, cobrar e muito menos ofender.

4. Seja sincero!

Claro que se você está terminando por causa de outra pessoa, não é preciso dizer. Absolutamente desnecessário! Porém, se está rompendo por conta de um comportamento que esta pessoa teve e você não gostou, responda exatamente de que comportamento se trata, caso ela pergunte. Dar desculpas esfarrapadas não ajuda em nada e não possibilita mudanças por parte dela.

5. Nem tão rígido, nem tão flexível!

Tem gente que termina e nunca mais quer olhar para aquela pessoa. E tem gente que termina e quer continuar sendo amiguinho logo em seguida. O fato é que os extremismos raramente funcionam. O que vai sobrar deste encontro só o tempo vai dizer. E é bom lembrar: o tempo é superimportante para a elaboração do fim por parte daquele que está sendo preterido.

6. Respeite a posição do outro!

Pode ser que, mesmo tomando todos os cuidados do mundo, a pessoa fique se sentindo profundamente magoada ou até ofendida porque você está terminando a relação. Isto é, você pode decidir de que forma vai agir diante dos seus sentimentos, mas não tem como controlar ou decidir de que forma a outra pessoa vai agir diante dos sentimentos dela. Portanto, se ela preferir manter distância de você, respeite isso e confie no tempo. O que tiver de ser, será!

No mais, todos nós sabemos que "levar um fora" nunca é gostoso. Sendo assim, maturidade, bom-senso e gentileza são sempre bem-vindos. O mundo certamente será melhor quando aprendermos a transformar qualquer amor em, no mínimo, compaixão.


Rosana Braga

28 de julho de 2012

Mudar ou mudar



Estamos vivendo um momento de rápidas e grandes mudanças na humanidade, em que teremos que nos desapegar de muitos paradigmas para evoluirmos à uma nova realidade.Isso indica que teremos que abrir mão de vários padrões como também de muitas mudanças nos hábitos cotidianos .Precisamos entender que sem viver com consciência de uma evolução coletiva, não será possível nesse momento ter um total bem-estar individual. 

O mundo não acabará como ditas previsões geradoras de medos desnecessários para armadilhas de novos salvadores, apenas adiantará o que tem que ser feito corretamente em dimensões individuais e coletivas. Aumento das dimensões da consciência sim,sem dúvida e não mais imposições, castrações e castigos de antigos paradigmas. 

A liberdade tão desejada por milênios chegou,e o preço desse presente é a responsabilidade com o que fazemos no cotidiano .Para isso não se pode mais viver da energia do outro em todos os sentidos, e cada vez mais teremos que ter autosustentabilidade como também aceitação da realidade de que a felicidade é individual e intransferível,o resto é ilusão e criação da mente.A descoberta do poder de autocura e soluções jamais imaginadas,cada um terá nas reprogramações do DNA e nas autorealizações de sonhos individuais,relacionais e planetários. 

Compaixão, solidariedade, servir como voluntários da alma será o antígeno do pós-egocentrismo viciado de seres que cohabitam em estados de lentas mortes das fontes geradoras de vida,onde adormecem na preguiça do despertar necessário..Não tem como salvar os desistidos de si,com isso já escutamos que câncer, depressão,surtos e vícios são vistos como uma simples gripe. 

Os valores individuais precisam ser definidos por uma profunda consulta silenciosa parida de muita clareza e discernimento que consequentemente serão úteis ao coletivo nesses novos paradigmas. 

Adote uma postura responsável em sua vida e inicie o seu processo de desapego do que não é necessário, fazendo com muito amor,é só perceber o que faz com sacrifício e gera cansaço.....sobrará então serenidade,paz,compaixão e bem-estar para todos ganharem a grande fertilidade que o momento planetário nos oferece na certeza dos destinos em cada pulsar dos corações,nas soluções dos conflitos, das dúvidas e na presença do respirar e conspirar. 

Nada é tão diferente de outras mudanças na história da humanidade,sempre existiram e sempre existirão até cessar os ciclos necessários à vida.Apenas agora com a tecnologia e alinhamentos fortes planetários o processo é mais rápido, potencializando as colheitas das ações. O que se faz agora será rapidamente transparente e respondido com mérito ou demérito nas dimensões biopsicosocial e espiritual.Então porque não colocar em prática tantas informações que no bom senso comum já se sabe que acontecerá mesmo? Se faça sua raiz, seu vôo e seu alinhamento e mãos na massa, pião e arquiteto, espada e coração... Depois relaxe, sorrie e celebre com toda sua e nossas alegrias! 

Fatima Bittencourt

27 de julho de 2012

Imaturidade, causa de muitos fracassos



A liderança é um fato natural e ocorre inevitavelmente por toda parte. Qualquer bando de pássaros tem um líder. Macacos, formigas, abelhas, todos os animais sociais tem seus líderes. 

Liderar significa dar um rumo. E não há ser humano que não seja líder em algum momento ou situação. Cada gesto nosso - se for visto por alguém como exemplo a ser seguido - é um ato de liderança. Liderar é influir sobre o rumo dos pensamentos e sentimentos dos outros, e fazemos isto o tempo todo. Tudo interage com tudo no universo. Há uma liderança recíproca entre todas as coisas e todos os seres. 

A vida humana é um processo social. Vivemos em grupos familiares, temos grupos de amigos, trabalhamos em equipe. Até mesmo no interior de cada um de nós há um grupo, porque ali estão as presenças sutis de todas as pessoas que marcaram profundamente nossa vida; e consciente ou inconscientemente nós as escutamos, falamos com elas, e elas exercem uma série de influências vivas sobre nós. 

Este campo de inter-relações é muito maior do que o reino humano. Quando estou caminhando sozinho por um local da natureza, estou de certo modo em grupo com as ervas, as árvores, o solo, os pássaros e as nuvens, porque a presença de cada um deles é significativa e diz alguma coisa para mim. Mas - como um animal ou uma folha de grama - estou em contato também com os seres do mundo celeste. Sou liderado pelas estrelas e planetas distantes. Junto com meus irmãos, os sapos e os pássaros, recebo a influência da Lua e obedeço ao ritmo da movimentação da Terra ao redor do Sol. O pensador Terêncio disse, no século 2 antes de Cristo: "Tudo que é humano me diz respeito". Eu gostaria de ampliar esta frase, dizendo: "Tudo que é humano, animal, vegetal, mineral ou divino me diz respeito, me influencia e é de certo modo influenciado por mim". 

Sem dúvida, agimos permanentemente sobre a vida dos outros seres, de modo claro ou sutil. Mas agimos, sobretudo, sobre nossa própria vida. Ser um líder de si mesmo não é sempre fácil, mas é inevitável. Sou meu próprio pai/mãe e mestre e senhor das minhas ações, embora às vezes esqueça isto. Eu é que decido se determinado obstáculo é, para mim, estimulante ou desanimador; se meu potencial é grande ou pequeno; e se a busca da sabedoria interior é algo fundamental ou secundário em minha vida. 

Gostamos de pensar que somos limitados pelas circunstâncias. Temos o hábito de atribuir nossos fracassos a causas externas. Mas, na verdade, o que nos dificulta a vida é nossa própria cegueira e a nossa falta de força de vontade e determinação. Se assumíssemos plena responsabilidade pelas nossas vidas, seríamos totalmente líderes de nós mesmos e isto nos daria uma base firme para influenciar de modo positivo os seres ao nosso redor. 

A nossa vontade de liderar, controlar e dirigir a vida em torno de nós vem, literalmente, do berço: o bebê que grita pela mamadeira na madrugada está liderando pai e mãe e influenciando todos os que o ouvem. O mesmo bebê, quando brinca feliz, enche de alegria as pessoas ao seu redor. Mas, à medida que crescemos, o processo de determinar o rumo dos acontecimentos se torna mais complexo e não basta mais gritar. Quando temos força interior, evitamos exigir demais dos outros. O líder que grita muito ou dá ordens em excesso mostra deste modo sua fraqueza. O papel do líder de um grupo - familiar, profissional ou qualquer outro - é manter sempre clara a meta comum e estimular o trabalho cooperativo em função do objetivo de todos. Mas o líder que pretende controlar e manipular a vida dos outros tropeçará cedo ou tarde na frustração, e verá que o método não é bom. 

Para alguns, a manipulação e a busca do poder ou da fama funcionam como mecanismo de fuga do fato central - e, para eles, assustador - de que não conhecem ou não aceitam a si mesmos. No entanto, ninguém consegue ser feliz manipulando outros. Por isso a sabedoria antiga diz que o primeiro passo para liderar verdadeiramente a si mesmo ou aos outros é mergulhar no silêncio interior e praticar o "jejum mental". 

Essa liderança espiritual direta, livre das palavras e mecanismos de controle e manipulação, está presente em diversas tradições, taoistas, budistas ou cristãs. Atualmente, os processos de liderança e relações humanas superam o exibicionismo individualista porque a eficiência é colocada acima das ilusões de grandeza pessoal. O novo líder não fica mais bêbado com suas próprias palavras. Ele desiste dos malabarismos verbais, e prefere estimular e admirar o crescimento verdadeiro de cada membro do grupo que lidera. O aplauso que os novos líderes buscam não vem de fora, mas de dentro das suas próprias consciências. 

Estamos compreendendo finalmente algo importante: os jogos e manipulações que giram em torno da vaidade só levam à frustração. E já vivemos o nascimento de uma nova liderança espiritual que servirá de base para a construção de uma civilização correta e duradoura a partir das primeiras décadas do século 21.

Helena Gerenstadt

26 de julho de 2012

O que é maturidade emocional?



O pavio curto é aquele que facilmente “explode” o famoso “tolerância zero”. A pessoa que age como um pavio curto na vida, é na verdade comparável a uma “criança mimada grande”, que nega-se a aceitar seus próprios limites e os limites dos outros faltando com o respeito a si e aos demais. 

Em nosso aprendizado de relacionamentos, absorvemos nossa cultura e através dela aprendemos a reagir. Enquanto bebês, precisamos da sensação de onipotência oferecida por nossa mãe ou cuidadores. Essa sensação é resultante de termos o que precisamos, no momento que precisamos. O bebê tem fome e recebe o alimento tem frio e é acolhido, tudo isso num ritmo que o faz “pensar” que tudo faz parte dele, tanto a fome como o alimento. Mundo interno e externo ainda estão confusos e misturados, é a fase em que o bebê ainda não possui a noção do que é dele e do que não é. Essa sensação primária de onipotência é extremamente importante e ajuda o bebê em seu desenvolvimento e na formação de sua identidade emocional. O esperado é que gradativamente o bebê passe a perceber esses limites ao passo que comece a vivenciar algumas pequenas frustrações, como por exemplo, ter de esperar pelo leite. Este delicado e complexo caminho do desenvolvimento humano foi estudado em minúcias por vários especialistas em comportamento e desenvolvimento emocional.

Durante nosso desenvolvimento caminhamos dessa sensação de Onipotência/Impotência para a percepção clara de nossos limites e potencialidades que poderíamos chamar de poder pessoal, ou simplesmente de maturidade emocional. Na vida adulta nos descobrimos interdependentes com o meio, precisamos nos relacionar para sobreviver, precisamos do outro e o outro de nós. A maturidade emocional se faz quando percebemos esta difícil e delicada inter-relação, pois para nos relacionarmos precisamos conhecer nossos limites e os limites do outro. A sociedade impõe regras inerentes à sua cultura e o ser humano impõe regras inerentes à sua saúde emocional. 

Estamos todo o tempo nos relacionando em diferentes papéis sociais, quanto maior nossa clareza sobre nossos potenciais, limites e responsabilidades, maior nossa capacidade para perceber o outro como ele é, pois nos tornamos capazes de trocar de papel, nos colocarmos no lugar do outro, entendendo melhor suas motivações e atitudes. Ganhamos a possibilidade de tornar a vida mais “ensolarada”, e menos “nublada” por nossas desconfianças , medos e conclusões equivocadas. Vamos dar um exemplo: se estamos nos sentindo carentes afetivamente teremos a tendência a olhar o mundo como povoado por seres egoístas e pouco afetivos. Não conseguimos ver aquilo em que não acreditamos, se acreditamos que não poderemos receber afeto, realmente não receberemos, simplesmente pelo fato de que não estaremos abertos a perceber o que já temos, apenas o que nos falta. 

Existem muitas pessoas que vivem se lamentando de suas amarguras e ressentimentos com o mundo, cobrando algo que a muito elas não oferecem... amor, atenção, carinho e respeito. O pavio curto é na verdade alguém que tem dificuldade em aceitar seus limites e frustrações, não consegue lidar com eles, portanto grita primeiro numa desesperada tentativa de evitar a frustração. A fantasia associada é a mesma que o bebê tem, ou seja, de que não conseguirá sobreviver à dificuldade e que não tem recursos internos que o ampare. A nossa capacidade de tolerar frustração é a base da maturidade emocional principalmente porque nos dá a habilidade necessária para distinguir fantasia de realidade. O ser humano é falível, porém, cheio de potenciais que precisam ser descobertos para serem estimulados e aproveitados. 

A energia de vida humana é o que nos move, o que nos impulsiona para saborear a vida, quando acreditamos que o mundo nos deve algo, que ele é “mau”, uma das saídas emocionais que algumas pessoas encontram é agredir o mundo, usando esta energia para este fim. O mundo não é bom ou mau, ele é as duas coisas, como o ser humano. O “pavio curto” agride o mundo numa desesperada tentativa de se defender, como se ele estivesse antecipando o ataque que acredita que receberá. 

Se você já está esmurrando a mesa, ao passo que vai lendo este artigo, não se preocupe, ser “pavio curto” é uma dificuldade emocional e não uma doença, portanto a busca de autoconhecimento e de superação de seus limites é possível e está a seu alcance. Não podemos esquecer que você, que se considera uma pessoa de temperamento explosivo, pode aprender a utilizar essa sua energia à seu favor. Existem outros aspectos também relacionados a esta característica emocional, como a dificuldade de perdoar e de ser humilde para reconhecer seus erros e suas dificuldades. 

No processo psicoterapêutico buscamos desenvolver a autoconsciência ou seja, a capacidade de observar a si mesmo e descobrir o que sente, o que pensa e o que percebe aprendendo as diferenças sobre essas coisas e descobrindo novas formas de reagir, tornando-se mais “dono de si”. 

A arte de fazer escolhas ou nossa capacidade de tomar decisões está relacionada à noção de ter de perder algo para ganhar algo e relaciona-se com nossa capacidade de avaliar os reflexos de nossos atos, assumindo a responsabilidade pela conseqüência de nossas ações. 

A maturidade emocional implica também na compreensão de que a onipotência é apenas uma ilusão criada por nossa mente inicialmente primária, para nos ajudar a sobreviver à nossa fragilidade emocional. Precisamos desenvolver nossa capacidade de rir de nós mesmos, num movimento de aceitação tanto de nossas características boas como das “não tão boas”, para que possamos ter a humildade de tentar superá-las. Negar nossas dificuldades é negar o humano que existe em nós.

Sirley Bittú

25 de julho de 2012

Síndrome do pânico: a carcereira do homem moderno


A síndrome do pânico tornou-se conhecida por seus vários sintomas: palpitações, tonturas, dificuldades para respirar, dores no peito, sensação de formigamento ou fraqueza nas mãos, e quase invariavelmente um medo secundário de morrer, perder o controle ou ficar louco. Geralmente esses sintomas não estão restritos a uma situação específica, o que os torna, portanto imprevisíveis. Esta doença de fundo emocional traz em sua base um medo intenso, desmedido e incontrolável que vai tomando proporções assustadoras. 

Quando se sofre de pânico, cada crise aumenta a ansiedade e o medo da próxima, tornando a doença um ciclo. Como resultado a pessoa passa a evitar tudo o que possa aproximá-la da situação que lhe causa temor de forma cada vez mais ampla e genérica a ponto de qualquer estímulo poder tornar-se uma ameaça. 

O ser humano percebe, sente e compreende o mundo e os estímulos que recebe de forma muito particular, em diferente intensidade, variando de acordo com as características físicas e emocionais de cada um. Durante toda a história da humanidade o medo esteve presente, protegendo, quando aprendemos a traduzi-lo em cautela e sensatez e fazendo sofrer ao nos tornar escravos de nossas ilusões e de nossa impotência, limitando-nos e roubando nossa espontaneidade e nossa criatividade. Muitas vezes esse medo é nutrido por um entendimento equivocado sobre os valores pessoais, fruto, entre outras coisas, da falta de conhecimento de nossas potencialidades, preconceitos e baixa autoestima. Desde nossa infância precisamos aprender a enfrentar nossos medos para termos a possibilidade de viver feliz e em paz. 

O medo patológico é um sentimento que se fortalece no desconhecimento, é o resultado da falta de fé em si e no mundo. A fé não é algo que possamos treinar, a fé implica em entrega, não de forma ingênua, pois transformaria-se em alienação, mas de forma consciente e íntegra, multiplicando-se em disponibilidade para perceber-se como um ser ao mesmo tempo insignificante e genuinamente especial, singular entre todas as criaturas. Ter fé implica em saber exatamente quem é, com seus próprios limites e contradições. Em nossa mente a fé nasce do espaço intermediário entre a fantasia e a realidade. É vital para o desenvolvimento humano e sua transcendência, pois implica na noção de si e do outro, em respeito, dignidade, generosidade, amor, enfim, implica na noção do todo, fornecendo-nos parâmetros existenciais. 

O amor que recebemos de nossos pais, parentes e amigos ou mesmo das pessoas com quem nos relacionamos durante nossa vida, alimenta as reservas de esperança e fé, que possuímos. Quando o ser humano não recebe amor, respeito, compaixão, solidariedade ele torna-se amargo, violento, rude, incrédulo no outro e consequentemente, em si mesmo. 

A pessoa que sofre de crises de pânico não é necessariamente a que não recebeu amor, mas é aquela que não tem certeza do amor que recebeu ou não o tem internalizado, tornando-se uma pessoa insegura e frágil emocionalmente, sentindo-se “pobre” em recursos internos para sua autoproteção. Volta-se mais às possibilidades de morte do que às de vida. Não trata-se de uma escolha, a ansiedade e o desespero invadem sua vida cegando-a. 

Essa síndrome tornou-se a carcereira do homem moderno por gradativamente retirar seu direito à liberdade de se relacionar seja com as pessoas, seja com a vida. Como todas as dificuldades ou qualquer tipo de doença, quanto mais rapidamente se inicia um tratamento melhores são os prognósticos. Segundo as pesquisas mais recentes da OMS, os tratamentos indicados como tendo os melhores resultados, são os que associam a medicação à psicoterapia. 

Aprender a pedir ajuda é um ato de coragem e de fé, independente de qual seja o tipo de dificuldade. Algumas pessoas desacreditam que possam ser ajudadas, tomando uma atitude de suposta auto-suficiência, evitando dividir suas dores e angústias, o que muitas vezes provoca um agravamento dos sintomas, tornando os tratamentos mais sofridos e doloridos. 

Acreditar em si e respeitar-se alimenta e fortalece nossa autoestima; negar nossas dificuldades ou tentar escondê-las apenas nos enfraquece. Entender que existem dificuldades e limites é ao mesmo tempo, desmistificá-los e aceitar nossa condição humana, num processo dinâmico de desenvolvimento e amadurecimento. 

Sirley Bittú

24 de julho de 2012

Vamos discutir ou conversar?



Foi dada a partida: uma nova discussão teve seu início com uma sentença acusativa. Quem escuta sente-se agredido e, na maioria das vezes, responde na mesma moeda. Esse infértil debate de “quem está fazendo o que a quem” gera apenas mais indignação e desconforto. Desta forma, o que parece uma conversa, na realidade, é apenas uma descarga emocional, quer dizer, uma sequência de monólogos carregados da frustração de emoções não digeridas. 

Uma discussão pode se tornar uma boa conversa. Mas para tanto é preciso cultivar um interesse genuíno em melhorar nossos relacionamentos. Quem quer só acusar não está interessado em ouvir. Sem escuta não há conversa. Então, para que discutir se não quer chegar a lugar nenhum? 

Se a situação já está ruim, uma discussão baseada em acusações pode ainda piorá-la. A base de uma discussão saudável encontra-se na motivação com a qual ela deu início. Queremos discutir para mudar para melhor ou apenas para desabafar nossa indignação? Se a intenção for melhorar, podemos conversar, do contrário, é melhor parar: depois que ambos expuseram suas queixas, é preferível dar um tempo para sentir e refletir sobre o que foi dito. 

Quando uma discussão está baseada apenas na indignação, torna-se uma avalanche de reações. Não há tempo para sentir a empatia necessária para gerar um novo entendimento. Não há espaço de escuta quando a prioridade é defender-se. Enquanto o outro fala agressivamente, aquele que escuta só tem tempo para elaborar sua defesa. Como ouvir o outro verdadeiramente se a concentração está voltada para atacá-lo de volta? 

Por exemplo, quanto mais tentarmos coagir o outro a mudar, de acordo nosso ponto de vista e necessidades emocionais, mais frieza emocional e distância física desencadearemos entre ele e nós. Pois, ele, intuitivamente, irá se distanciar para poder encontrar clareza em seu posicionamento. 

A armadilha da chantagem emocional tem suas consequências: os relacionamentos tornam-se artificiais na medida em que precisam seguir regras impostas por um dos parceiros.Muitas vezes, exigimos do outro o que não foi acordado previamente. Ironicamente, quanto maior a entrega afetiva, maior são as exigências! Sem nos darmos conta, projetamos idealismos e expectativas exageradas nos relacionamentos à medida em que eles se tornam mais íntimos... Nem sempre ouvimos o que queremos ouvir! Uma coisa é defender-se do outro, outra é buscar por solução. O caminho está em encontrar uma saída em vez de criar uma constante briga de forças, para ver quem tem mais razão. 

Se quisermos discutir com a intenção de solucionar um conflito, teremos que rever nosso posicionamento, seja de dominador, seja de dominado (papel de vítima). Pois, ironicamente, o agressor agride porque se sente agredido e a vítima reage de forma agressora. Quando uma discussão está baseada na intenção de controlar o outro, ambos se sentem sufocados. Para superar um atrito é preciso deixar de lutar. Mas isso não quer dizer se deixar abater. 

O que desejamos pode estar certo e ser válido, mas ainda assim, não podemos impor aos outros a nossa demanda. Podemos ter clareza sobre nossas necessidades emocionais, mas ao mesmo tempo, se nos colocarmos de modo exigente, impondo ao outro os cuidados sobre nossa vulnerabilidade, desencadearemos mal-estar e em nada ajudará a situação a mudar. 

Revelar ao outro nossa vulnerabilidade é saudável; o que não funciona é transferir ao outro a responsabilidade de zelar por nosso bem-estar. Quando tentamos repassar os cuidados de nossa vulnerabilidade para outro, este gradualmente perde admiração por nós, pois, inevitavelmente, irá se sentir sobrecarregado ao ter que gerir todas nossas frustrações e incapacidades, mesmo que temporariamente. 

Se quisermos ter relacionamentos saudáveis teremos que abandonar a atitude de autopiedade. Ficar no papel de vítima é uma armadilha perigosa, pois nos tornamos facilmente reféns da disponibilidade afetiva do dominador. Transferimos a ele as condições que irão nos gerar tanto tensão como alívio. É sempre a velha história baseada na co-dependência, isto é, quando saberemos o que vamos sentir conforme o outro estiver sentindo. Se ele estiver afetivo e de bom humor “estaremos” felizes, caso contrário, teremos que aguardar por sua disponibilidade... 

É claro que estar ao lado de uma pessoa mal-humorada gera desconforto. Mas, mesmo assim ainda podemos preservar nosso equilíbrio interno. Nestes momentos, é importante saber gerar um distanciamento saudável. Tal como fazemos ao nos aproximar do fogo: intuitivamente sabemos a distância correta para gerar calor e conforto e quando o seu excesso pode nos queimar! 

Toda discussão tem um ponto de partida, mas raramente ele é a causa desencadeadora do conflito. Enquanto não abrirmos o jogo do porquê realmente estamos incomodados, o outro irá se sentir (mesmo que inconscientemente) manipulado. Sem saber o porquê original de toda discussão, ele reagirá contraindo-se, perdendo sua espontaneidade. 

Nos momentos de maior tensão emocional costumamos nos distanciar de nós mesmos. Ao invés de sentirmos nossas emoções, costumamos rejeitá-las. Como isso ocorre? Quando nos tornamos reativos às nossas próprias emoções. Ainda que desconfortáveis, podemos olhar nos bastidores de nossa dor emocional. Revelar para nós mesmos o que se passa por trás de nossa indignação. Há um momento em que temos que parar de tentar nos consertar, pois quanto mais implicamos conosco mesmos, mais solidez iremos gerar em nossos conflitos. 

É preciso superar o hábito de separar-se de si mesmo. Isto ocorre quando vemos nossa falta interna como uma falha ao invés de reconhecê-la como mais uma etapa de percepção natural do caminho do autoconhecimento. Aqui há uma briga interna entre o que sentimos e não queremos sentir. É preciso deixar de sermos reativos a nós mesmos para superarmos uma angústia emocional. 

A emoção não é uma experiência estática. O que parece nos desequilibrar num certo momento, pode ter um efeito menos dramático em outro. A clareza de que podemos perceber uma mesma emoção de formas diferentes nos ajuda a não antecipar nossas avaliações. Quanto mais reagimos aos nossos pensamentos, mais sólido eles se tornam. 

A questão é que aprendemos mais o pensar do que o sentir. Nos tornamos inseguros para lidar com nossas próprias emoções porque desenvolvemos um conhecimento intelectual que não é capaz de tocar nossa experiência interna. Por isso, diante de uma discussão nem tudo o que dizemos ou escutamos é capaz de surtir o efeito almejado. Mas não devemos desistir. Pois só interagindo é que aprendemos a arte de nos comunicar. 

É saudável aprender a lutar. Se nos tornarmos passivos diante de um ataque agressivo nos tornaremos cada vez mais fracos e vulneráveis à agressão alheia. É saudável nos defender! Onde recusamos a enfrentar um problema, ele nos será ensinado contra a nossa vontade. A coragem em lidar com os confrontos e defender nossos projetos, princípios e valores desperta o instinto de força e vida.

Bel Cesar

23 de julho de 2012

O casamento é necessário?




Para Sigmund Freud, considerado o pai da Psicanálise, existem dois motivos que impulsionam o ser humano na busca da felicidade. A primeira delas visa evitar a dor e o desprazer, a segunda é experimentar fortes sensações de prazer. Quanto ao casamento, fica cada vez mais claro que além de não oferecer proteção contra o desprazer, causa inúmeras frustrações, ressentimentos e neuroses e gera cada vez menos ingredientes de "fortes sensações de prazer. 

O fato é que somos "forçados" a nos submeter a padrões sociais estabelecidos e sacramentados, que geram e cristalizam crenças e valores com o poder de nos fazer prisioneiros de "zonas de conforto" cada vez mais insatisfatórias. 

Para muitos, é mais fácil viver amaldiçoando o "cativeiro" do que exercitar liberdade responsável. É mais cômodo assumir o papel de vítima do que reescrever o roteiro da própria história. Assim, a grande maioria prefere permanecer fiel a falidos padrões, mesmo que isso signifique um insano prolongamento de sofrimento, a escolher enfrentar os conflitos oriundos de uma construção existencial, alternativa, desvinculada e autônoma. 

Não obstante os recorrentes argumentos sociais e religiosos objetivando glorificar e perpetuar o "sagrado matrimônio", o fato é que, segundo dados do Censo Demográfico de 2010, há cada vez menos gente dividindo o mesmo teto. A família tradicional, com pai, mãe e filhos, está cada vez mais rara no Brasil. A estimativa é que até 2016 chegue a 12 milhões de indivíduos morando sozinhos. 

Diante das transformações, oportunidades e desafios da sociedade atual, a vida a dois, numa relação estável, torna-se cada vez mais difícil de ser suportada. Até bem pouco tempo, quem não se casasse estava predestinado a uma vida infeliz, além de tornar-se alvo de discriminação que atingia homens e mulheres. No caso das mulheres, a situação era ainda mais grave, pois lhes faltava possibilidade de auto-sustentação. Para a mulher, não casar e não ter filhos era, ainda, sinal de maldição. Em uma sociedade onde a maioria das pessoas permanecia casada por toda a vida, estes "desajustados" desgarrados eram vistos, em vários sentidos, como uma ameaça aos casais. 

Atualmente, os que vivem sozinhos gozam de respeito social e são até alvos de inveja da maioria dos casados que, por temerem novas formas de viver, suportam o casamento que lhes restringe a liberdade e lhes impõe incontáveis sacrifícios. Não há dúvida, de que a qualidade de vida das pessoas solteiras atualmente é bem melhor do que a que observamos na maioria dos casados. 

O casamento continua sendo uma insana busca de suprimento de carências pessoais. Transfere-se para o parceiro a responsabilidade de ser feliz em si mesmo. Busca-se o casamento, a união estável, crendo que as carências de aconchego, de segurança, de felicidade ou garantia contra a solidão podem ou devem ser supridas pelo outro. O que o casamento proporciona hoje, com raríssimas exceções, é um modo de vida repressivo e insatisfatório. Não são poucos a experienciar a mais amarga solidão: aquela que se tem na companhia de alguém. 

Quanto aos filhos, as cidades não constituem ambientes saudáveis para a criação de filhos e nem deles os casais precisam, pois longe de trazer benefícios trazem ansiedade, preocupação, gastos e muitos aborrecimentos. Investe-se pesado na criação dos filhos para entregá-los prontos para o mercado do trabalho, sem qualquer esperança de retorno para os respectivos pais. Nem mesmo a garantia de serem dignamente cuidados pelos filhos na velhice existe. 

O casamento pode ser interessante se aprendermos a dialogar com nossos sentimentos e pensamentos a ponto de desenvolver um conhecimento profundo de nós mesmos, o que nos leva a compreender o parceiro. Um casamento, uma união estável, uma vida em comum para ser satisfatória precisa ser buscada por prazer e não por necessidade. Os direitos de cada pessoa precisam estar garantidos: direito de independência financeira, de locomoção, de querer ficar só, direito de opinião, de ter outros anseios sexuais, de cultivar amigos em separado, direito de falar de si e direito de se calar.


Oliveira Fidelis Filho

22 de julho de 2012

Mergulhos



Ao deixarmos para trás coisas que nos davam segurança, mas que só nos levavam até determinado ponto... podemos acessar um pouco mais de profundidade nos mergulhos e um pouco mais de abertura nas possibilidades... 

Sei que sempre tem mais... e esses momentos onde adentramos em algo novo que nos inspira a ir fundo em busca da gente mesmo... são especialmente preciosos, porque nos oferecem a certeza que está na hora de tirar mais um pouco dos véus que nos impediam de ir além.... 

Eu estou em um momento assim, e percebo que o universo me colocou em um campo fértil de possibilidades... Nada fora de mim, mas chaves, que até então eu não havia acessado, mostram-me como o nosso potencial de crescimento é sempre aberto e nunca chega ao fim... 

Essa imensidão que se abre diante dos nosso passos que se arriscam no desconhecido, nos dão sempre uma soprada de que não devemos parar e nos apegar a nada, por mais maravilhoso que aquilo possa parecer... 

Mas, muitas vezes, nos esquecemos disso e tentamos segurar com as mãos o que de repente se revela maravilhoso e especial... 

Sinto que estou indo para um lugar novo dentro de mim... um lugar de acolhimento de muitas coisas que não aceitava em mim por julgar inadequadas a quem eu pensava que era... Hoje sei que inadequado é negar qualquer coisa que faça parte da sua totalidade... 

Me encanto quando essas possibilidades novas se deixam perceber... ou melhor, quando me deixo perceber as possibilidades novas que estão sempre presente. 

Esse tempo é sempre precioso, porque já sabemos o que não queremos mais e temos coragem de avançar sem garantias rumo ao desconhecido.... e só a intenção já movimenta um fluxo enorme de informações que são reconhecidas por sua Alma... e que lhe dão novas esperanças de que tudo pode ser mudado, se mudamos nossa percepção das coisas... Diante de novas percepções um leque de variedades se desdobra e o novo passa a ser algo, não mais só sonhado e esperado, mas uma possibilidade real que vem da sua disponibilidade de se abrir para ele... deixando os velhos modos de ser e de agir vamos enveredando por terrenos novos dentro da gente e liberando com amor e aceitação tudo que pede para vir a luz de consciência... 

Amo quando estou nesse tempo... onde tudo parece possível de se expandir na proporção em que também expandimos os espaços do nosso coração para que neles caibam as coisas que até então rejeitávamos em nós mesmos e considerávamos como partes não aceitáveis da nossa natureza... 

Nesse mergulhos tenho encontrado partes minhas que estavam prontas para vir à luz... e que só tinham sido negadas e rejeitadas por não se enquadrarem aos padrões normais... por não se adequarem a normalidade de uma certa história ou de uma certa época, que já nem tem mais importância... 

E muitas dessas partes são tão preciosas e tem me soprado uma sabedoria tão simples... mas tão simples... e que agora, à luz da consciência, me parece tão obvia, que até me pergunto como nunca havia me dado conta dela... 

E isso me dá uma vontade de mergulhar ainda mais... para buscar cada vez mais profundo, até que não fique nada escondido e negado... mas sei que tudo tem o tempo certo para acontecer... e sei que por mais que eu me busque sempre tem mais de mim para ser buscado... até que um dia não reste mais nada... nem o buscador nem o que ser buscado... Seremos Um com o Todo. 


Rubia A. Dantés

21 de julho de 2012

Coisa rara



Meu Deus, como é difícil ter um bom amigo hoje em dia. Alguém que possa oferecer um colo e um afago na hora da tristeza e que consiga sorrir de verdade com a sua alegria. É que nem todo amigo é amigo o suficiente para dar pulos de felicidade com as coisas boas que chegam na sua vida. 

Não é fácil compartilhar o dia a dia, deixar as próprias frustrações e projeções de lado e ser limpo, honesto, puro. É muita coisa em jogo. Tem mágoa, tem inveja, tem os percalços da vida, tem suas desilusões, tem seus planos que mofaram dentro da gaveta. É por isso que digo com certo amargor na boca: nem todo mundo sabe ser amigo. 

Existe aquele tipo de gente que veste a máscara de amigo e só quer saber da sua vida. Quer sugar, ficar por dentro, mas não dá nada. Não compartilha, não divide, não sabe se doar. Não conta nada de si e quando você pergunta só diz que está tudo bem. Tem também o tipo que nunca tem problema, que a vida é sempre boa, sem tropeços e sem nada chato ou ruim. Estranho, não? A vida muitas vezes é bem chata e bem ruim e a gente não tem nada a fazer a não ser esperar. Porque tem coisa que foge do nosso alcance e temos que entender isso também. Nem tudo depende de mim, de você, do nosso esforço, do nosso suor. 

Tem também o tipo que, mesmo sem querer, não consegue ficar feliz por você. O máximo que diz é que legal, que bom, parabéns. Mas aquela felicidade que vem de dentro não dá as caras. Me pergunto: isso é ser amigo? Quantos amigos você tem? Não falo daquele companheiro de bar, aquele que ri das suas piadas, brinda com um copo de cerveja gelada. Quantos amigos você tem? Não falo daquele que é uma pessoa legal e divertida para trocar ideias e fazer fofoca. Quantos amigos você tem? Não falo daquele que sabe cada passo seu e oferece sempre o lenço de papel mais próximo. Quantos amigos você tem? Não falo daquele que está sempre junto nas festas. Quantos amigos você tem? Não falo daquele que sabe da sua vida apenas o que você quer que saiba. 

Quantas pessoas te conhecem de verdade? Pra quem você se abre? De quem você não tem medo? Que pessoa você tem certeza que quer o seu bem? Quem realmente não sente desconforto ao ver sua felicidade? Quem não ficou magoado por bobagem? Quem sabe reconhecer quando erra? Quem nunca te deixou na mão? Quem assume quando pisa na bola e pede desculpa? Com quem você discute, mas depois fica tudo bem? Quem entende o seu jeito? Quem aceita seus defeitos? Quem não fala mal de você para os outros amigos? Quem ajudaria você a pagar sua conta de luz, caso fosse necessário? Quem vibra com seu sucesso profissional? Quem deseja realmente toda felicidade do mundo no seu relacionamento? Quem? Por favor, me diga quantos, quantas. Quem valoriza o que você faz? Quem é grato pelo que você fez? A ingratidão em qualquer relação é coisa muito feia, principalmente em amizade. 

É bom a gente pensar de vez em quando sobre isso. Analisar as relações, as pessoas, rever as amizades. Agora você me responde ah, mas eu ligaria para a Camila às 4 da manhã se estivesse em apuros e tenho certeza que ela sairia de casa e me ajudaria. Eu não estou falando disso. Falo de algo mais profundo, que conecta as pessoas, que une e não separa por nenhuma força. Falo de um sentimento genuíno, de amor, de gratidão, de respeito, de carinho, de amizade. Muita gente fala que fulano é amigo, mas não sabe o significado disso. Ser amigo é chorar o teu choro e rir, com o coração, o teu riso. E isso é coisa rara hoje em dia.

Clarissa Correa

20 de julho de 2012

Incompletude



“A maior riqueza do homem é a sua incompletude.” Manoel de Barros 


Alguém para nos completar. Essa ideia é implantada em nossa mente desde que nascemos. Vivemos uma espera sem fim por algo que nunca vem. Isso porque aprendemos a nos basear em ideias quase sempre vazias. Deixamos de viver o nosso todo para esperar por um pedaço de alguém. Queremos que o irreal se torne concreto e que a pessoa dos sonhos se materialize em nossa frente. Acho muita responsabilidade exigir que alguém nos complete. Eu sou da teoria que precisamos de alguém que já venha inteiro. Porque a pessoa que vem inteira sabe respeitar espaços, a pessoa que se sente completa aceita que você não é igual, e principalmente, a pessoa que aprendeu a totalidade sozinha sabe que dividir algo com você não implica em nenhuma perda para ela. Acredito que a troca no relacionamento só é completa quando cada um é inteiramente proprietário das suas ações. E que não é a metade da laranja que faz você ser completo, mas as lições que você aprende durante sua incompletude. Essas sim serão imprescindíveis e farão você dividir completamente tudo que existe dentro de você. 


Fernanda Gaona

19 de julho de 2012

O sutil desequilíbrio do estresse



Em meu novo livro O Sutil Desequilíbrio do Estresse falo sobre como o acúmulo sutil de pequenas incoerências do nosso dia-a-dia acionam o eixo de estresse, causando sutis desequilíbrios na nossa química cerebral. Quanto maior for o conflito entre nossos desejos internos e as realidades externas maior será o dano que estaremos causando a nós mesmos! 

Por volta do nosso segundo ano de vida já aprendemos o truque de exibir expressões faciais afetivas diferentes dos nossos estados emocionais internos. Muito cedo, aprendemos a agir de acordo com o que o mundo espera de nós! 

Sem dúvida, quando nos comportamos socialmente de modo apropriado, garantimos nossa sobrevivência. Mas o ponto é que passamos tempo demais nos adequando socialmente sem nos darmos conta do que realmente está ocorrendo em nosso interior. Desta forma, sem a consciência de nossos sentimentos genuínos, não percebemos quando eles deixam de ser validados e expressados de modo coerente. 

A experiência de expressar o nosso estado mental e de os outros perceberem e responderem a esses sinais é de vital importância para nossa saúde física e emocional. Isso gera harmonia e bem-estar. 

No entanto, são muitas as vezes em que sorrimos quando estamos tristes ou nos calamos quando queremos gritar. Representamos nosso papel social tão bem que nos surpreendemos com a habilidade de enganar o mundo à nossa volta. O fato é que ao cultivar o hábito de representar este papel duplo de modo incoerente criamos gradualmente cada vez mais vínculos artificiais. 

Quanto mais artificiais nos tornamos, mais vulneráveis são nossos vínculos afetivos. Naturalmente, sempre desconfiamos do que intuitivamente não sentimos como verdadeiro. A artificialidade gera insegurança e desconforto. Inseguros, perdemos a capacidade de gerar vínculos autênticos, e, portanto, satisfatórios. Isso ocorre na medida em que perdemos a naturalidade em expressar nossos sentimentos tanto quanto a capacidade de ler os sinais genuínos das expressões afetivas alheias. 

A questão é que o ponto de partida deste aprendizado deu-se quando ainda éramos bebês! A criança usa o estado de espírito de um progenitor para ajudar a organizar os seus próprios processos mentais. Ou seja, por meio das expressões faciais, do tom de sua voz e de seus gestos, os pais ensinam seus filhos a sentirem e expressarem suas emoções primárias. 

Assim como as cores primárias são a base para a formação de outras cores, as emoções primárias geram a qualidade inicial de um estado emocional como agradável ou desagradável. Em outras palavras, se o humor de nossos pais influenciou nosso modo de pensar e sentir, precisamos agora, como adultos, sintonizarmo-nos com nossa própria natureza emocional. 

O humor é o que dá um ponto de vista ao raciocínio. Se tivemos pais pessimistas e mal humorados é provável que tenhamos o hábito da desconfiar da possibilidade de que as coisas dão certo. Portanto, agora teremos que nos familiarizar com um estado de humor que seja mais favorável para nós. Na medida em que aprendemos a reconhecer a influência do estado de humor que cultivamos interiormente, podemos ajustá-lo de modo mais positivo. 

Aquele que não percebe seus sentimentos corre o risco de pensar de não tê-los. No entanto, isso não é verdade, os sentimentos estão lá, mas será preciso a consciência para acioná-los. Sentir nos orienta, ajuda-nos a planejar o futuro, a transformar nossos comportamentos destrutivos e a cultivar relações significativas. 


Bel Cesar

18 de julho de 2012

O poder das flores para a harmonização de ambientes




Aceite as transformações e acorde para a vida! Abra a janela da alma para que a felicidade chegue até você! Saiba que milagres acontecem todos os dias, basta acreditar...

As flores falam direto ao coração... Deixe que a vibração delas entre em sintonia com o seu eu interior e faça mudanças positivas... Seja através da cor, do aroma, da forma ou da textura, permita que elas invadam a sua praia! Espalhe este bom astral pela sua residência e escritório.

Para dar uma alavancada no seu trabalho e projetar-se profissionalmente, utilize flores de cores escuras como lisianto, íris, azulzinha e violeta, em vasos transparentes de vidro ou acrílico.

Se achar que necessita de autoconhecimento, melhorar a sua espiritualidade, saber o que realmente quer da vida, coloque em vasos de cerâmica as flores lírio-da-paz, gérbera, violeta e palma.

Agora, se o foco é fazer a família ficar mais unida, que todos fiquem com saúde, o resultado será melhor com arranjos de folhagens em cachepôs de madeira.

Caso o objetivo seja trazer prosperidade, abuse das flores amarelas ou com formato do sol: girassol, margarida, gérbera, crisântemo e calanchoe (flor da fortuna). Terá mais efeito se forem usados cachepôs de madeira ou metálicos (o brilho do metal lembra prosperidade).

Se achar que um pouco de sucesso ou fama é interessante no momento, escolha flores vermelhas, laranjas ou amarelas: estrelítzia, helicônia, bromélia, antúrio e bico-de-papagaio. Compor com cachepôs ou vasos triangulares.

E para quem está à procura do complemento divino ou precisa ativar o relacionamento já existente? Realizar os seus sonhos afetivos? Bote flores vermelhas, rosas ou brancas em pares! Jasmim, rosa, hortênsia, camélia, gardênia ou tulipa em vasos de cerâmica.

Para quem pensa em aumentar a família, melhorar o relacionamento com os filhos ou ter mais criatividade, use flores brancas ou coloridas em formato circular: cravo, begônia, ixora e gérbera. Complete com cachepôs de metal.

Se a intenção é ter mais amigos ou para quem deseja viajar mais, petúnia, maria-sem-vergonha, prímula ou mosquitinho em cachepôs metálicos de formato circular. Não esquecer de trocar a água dos vasos para a energia não ficar estagnada!

Somos o resultado de nossos pensamentos, palavras e ações, portanto tenha uma atitude positiva perante a vida. Viva o momento presente, ele é único, especial... Dê uma virada de cento e oitenta graus e faça a sua vida valer a pena! Boa sorte!


Mon Liu


10 maneiras (muito eficientes) de destruir seu relacionamento!





1. Mulheres, façam greve de sexo!

Meninas, convenhamos: marido que quer transar toda hora com a gente é um abuso, não é? Ah, todo dia? Tenha a santa paciência! Parece que tem problema: é só a gente dar um beijinho pra já acharem que a gente quer sexo! É só se encostar neles que já estão prontos para o ataque! O que é isso? E tem mais! Se não fazem o que a gente quer, se não concordam com o que a gente fala e se não ajudam nas tarefas domésticas, me digam: por que é que a gente transaria com eles? Nada mais justo que privá-los daquilo que eles mais querem e que, por dever, só nós podemos dar! Pronto! Agora, sim, estamos no controle! Repitamos juntas: "mulheres unidas e reguladas jamais serão vencidas!". Greve de sexo já! E viva o casamento justo!

2. Não fale! Demonstrar é suficiente: cara feia e bico já dizem tudo!

Gente, vamos combinar: é preciso dizer mais alguma coisa ou, pior do que isso, perguntar o que aconteceu ou se o outro está bravo quando o bico e a cara feia já dizem tudo? Só quem é burro ou insensível ou se faz de tonto para ainda perder tempo explicando ou perguntando, né? Esse negócio de ficar repetindo a mesma coisa inúmeras vezes, de conversinha fiada, que não leva a lugar nenhum, é coisa de filósofo. Só pode! Sustentar um belo bico me parece a escolha mais eficiente para avisar nossos queridos pares que estamos absolutamente insatisfeitos. Ele que pense um pouco, pelo menos uma vez na vida, e descubra o que fez que nos chateou. Não somos obrigados a detalhar, tin tin por tin tin, sobre o que estamos sentindo e pensando a respeito de determinado assunto. Enfim, cara feia e silêncio, quanto mais prolongados, mais resolvem o problema e economizam a nossa beleza!

3. Homens, usem suas mulheres como objetos sexuais!

Meninos, falem sério! Mulher que fica insistindo e dando importância para preliminares, romantismo, conversinha ao pé do ouvido, jantarzinho e outras tontices afins não passam de chatas e pegajosas. Mulher tem de servir seu homem! Estar disponível quando ele quiser! Não importa o que os homens digam durante o dia. Não importa quão grosseiros e egoístas sejam do momento em que acordam até a hora que se deitam. O fato é: precisam de sexo. E suas mulheres devem satisfazê-los, certo? Claro, é assim que funciona um relacionamento onde cada um sabe seu lugar e o papel que deve desempenhar. É assim que o casamento de nossos avós funcionava. Por que o nosso teria de ser diferente? Ah, poupem os homens, né?

4. Não elogie porque senão fica mal acostumado.

Esse negócio de ficar reconhecendo o que o outro tem de bom é um saco, não? Elogiar pra que? Já não sabe que a gente ama? Já não casou? Já não está junto, tem filhos, faz compra de supermercado toda semana? Quer mais demonstração de amor do que essas?Elogiar é coisa de quem não tem o que falar, de quem quer aparecer! Gente segura não precisa de elogio. E casamento que é sólido, com pessoas adultas, trabalhadoras e guerreiras, não precisa ser alimentado com elogios, certamente. Já sobra tão pouco tempo para se falarem, então pra que perder tempo com isso. Falem de contas, problemas, novela. E sobre o que mais? Bem, mais nada. Fiquem mudos um ao lado do outro e se deem por satisfeitos por não estarem discutindo e brigando. Ah! E não se esqueça de apontar os erros. Porque isso sim ajuda a melhorar a relação!

5. Use a lei dos 3 c's: cobre, critique e compare!

E por falar em apontar os erros, a lei dos 3 c's serve perfeitamente para isso! Cobre as mudanças e as atitudes do outro, critique o que ele faz de errado diariamente, mesmo você já tendo se cansado de tanto repetir como é o certo. E, por fim, faça comparações! Sim, se você tem um marido, escolha homens admiráveis, inteligentes e bem-sucedidos e mostre a ele, com todo o requinte de sinceridade que lhe é tão peculiar, o quanto ele está longe de merecer sua admiração. Lembre-o do quanto ele está atrasado e à beira da falência masculina. Se não resolver, e se não deixá-lo grato pelo seu cuidado em mostrar os fatos a ele, ao menos o fará pensar em você pelas próximas horas. E se, no final das contas, não gostar do que ouviu, é a prova de que você tem razão: é um banana mesmo! Agora, se você tem uma esposa, pegue aquelas revistas com fotos de mulheres maravilhosas, com corpos sarados, maquiagem e cabelos impecáveis e medidas perfeitas e deixe bem claro o que é uma mulher de verdade! Isso certamente servirá de motivação e para que ela, quem sabe, se dê conta do quanto você se importa com a aparência dela e com quem ela é de verdade! E não se esqueça de criticar os erros dela e cobrar mais atitude, mais resultado!

6. Não perca seu tempo com romantismos e blá, blá, blá.

Quem ainda acredita em contos de fadas? Quem ainda acredita que o amor pode dar certo como nos filmes ou nos últimos capítulos das novelas? Ah, gente, por favor, né? Precisamos de praticidade, racionalidade e de, por fim, pagar as contas da casa! Casar e ficar esperando um convite para jantar fora, para um cinema, uma noite a dois? Casar e achar que vai ganhar um presente do nada, sem data específica? Casar e acreditar que vai receber flores do marido ou ser surpreendido por um jantar e, depois, uma performance sensual (com direito a massagem) da esposa? Em que mundo vocês vivem? Não trabalham, não? Não tem televisão na casa de vocês? E no quarto, vai me dizer que ainda não tem uma tevê??? Ah, então é isso: vocês estão deixando muito espaço para fantasias e expectativas que não passam de blá, blá, blá! 
Faz o seguinte: pra sua mulher, você deve dar um avental novo e devolver aquela camisa mal passada pra ela dar um jeito. E pro seu marido, dê seu cinismo, sua ira, seu olhar fulminante e nunca, nunca o acaricie. Afinal, vocês são um casal que luta por uma casa melhor, um carro melhor, uma escola melhor para os filhos, e não têm tempo para essas coisinhas.

7. Não mude! Quem gosta de você deve aceitá-lo como é!

Você já deve saber disso, mas vou repetir: essa história de ouvir o outro, tentar mudar, fazer diferente só para agradá-lo é coisa de quem não tem autoestima, certo? Quem gosta de si sabe que já é o melhor que poderia ser. E tem mais: quem gostar de você, tem de gostar do jeito que você é, e não ficar te mostrando, mesmo que seja com jeitinho, que você poderia fazer as coisas de outro modo. Não aceite isso! Mantenha-se firme e forte neste formato que você já tem e não mude! E se o outro continuar fazendo sugestões de novos comportamentos, lembre-o de algo muito sábio: os incomodados que se mudem! Não está satisfeito? Que se vá... porque você é mais você!

8. Esteja sempre certo!

É da sua vida que estamos falando, pessoa! Ou você vai exigir que as coisas sejam feitas como você gosta ou sua rotina vai desandar. Ficar cedendo ou considerando a opinião do outro só serve para transformar seu dia a dia num caos.Mostre o que você quer, como quer e quando quer. Se preciso, fale mais alto! Grite! Tem gente que só funciona assim, aos gritos! E nada mais natural que gritar com quem a gente tem mais intimidade, concorda? No mais, você tem certeza do que está dizendo, não tem? Pensou bem antes de dar seu parecer e julgar as circunstâncias, não foi? Então, como é que você poderia não ter razão no que está dizendo? Como é que você poderia não estar certo?

9. Nhê-nhê-nhê é coisa de adolescente. Seja casca grossa para não ser o frouxo da relação!

Ficar agradando o outro, sendo carinhoso, dando beijinho, presentinho, atenção, fazendo chameguinho e demonstrando o quanto ele é importante para você é coisa de bobo, gente! Tanto homens quanto mulheres gostam mesmo é de ter que correr atrás, lutar pelo outro. As brigas apimentam a relação. Aumenta a adrenalina. O negócio é manter a dinâmica entre tapas e beijos. E se alguém se magoar ou se ferir, isso passa! É frescura! Quanto mais bonzinho você for, menos valor o outro vai te dar! O certo é ser casca grossa, curto e grosso. Gostou? Muito bem! Não gostou? Tem quem goste!

10. Por fim, traia antes que seja traído!

É... você já deve ter ouvido aquele ditado que diz que quem nunca foi, é ou será traído um dia! Ou seja, não tem saída, cara! Ou melhor, tem sim! Antes que seja corno, plante o chifre em quem você ama! Minta, engane, faça de bobo! É disso que as pessoas gostam! É assim que elas gamam e dão valor! Ser fiel é coisa de gente trouxa, que gosta de ser feito de palhaço. Acreditar no amor é insistir no maior erro de todos os tempos. Afinal, você conhece alguém casado e feliz? Alguém que ama e se dá bem? Fala sério... basta olhar pros lados! Olha, se conselho fosse bom, não se dava, se vendia. Mas vou te dar um mesmo assim: pare de acreditar que é possível amar e ser feliz. Taí , duas coisas que não se misturam, não combinam. Seja esperto... e garanto que você vai terminar sozinho ou, claro, mal acompanhado por essas pessoas que não o entendem, e cheio de razão!


Rosana Braga