30 de maio de 2012

Sinais de maturidade

  


A gente não sabe ao certo quando ela chega nem como ela se instala - talvez porque seja de forma lenta e quase imperceptível - mas de repente a gente se dá conta da prazerosa sensação da maturidade.

A pessoa madura sente-se mais livre para expressar pensamentos e sentimentos, dizer a sua verdade calma e mansamente. Muitas vezes opta por não dizer nada ainda que esperem que ela diga, e isto não lhe causa nenhuma culpa ou constrangimento.

A pessoa madura sente-se contente consigo mesma, valoriza o longo trajeto já percorrido e verifica que tanto as vitórias quanto as derrotas foram necessárias para o seu crescimento e plenitude. Não se desespera quando a vida parece dar uma longa pausa, aguarda com serenidade e otimismo as novas circunstâncias ainda não configuradas no cenário de sua existência.

A pessoa madura decididamente não faz tipo e se liberta de vez da ideia: mas o que vão pensar de mim?? Aprende a distinguir valores essenciais dos valores supérfluos e descartáveis. Sabe que esta passagem pela terra é rápida demais para ser desperdiçada com mazelas.

Os sonhos, projetos e ideais de uma pessoa madura são quase sempre exequíveis. Contenta-se com o que tem, ajusta-se dentro do próprio orçamento, não gasta mais do que ganha e faz algumas renúncias (de forma serena) em prol de seu núcleo familiar ou de alguma causa que resulte no bem comum.

A pessoa madura se despoja dos melindres, se despe dos preconceitos, deixa de ser reativa (reacionária) para ser pró-ativa. Aprende a gostar da própria companhia, torna-se a melhor amiga de si mesma dando ao próprio "eu" os contornos do equilíbrio.

Conhece seus pontos fortes e fracos, sabe que não tem todas as respostas nem é dona da verdade, mas mantêm um código secreto de verdades e valores próprios que lhe permitem nortear-se, de forma positiva, pelas diversas circunstâncias da vida.

A pessoa madura não aparenta ser. Ela é! Ela é alguém que deletou centenas de arquivos inúteis que atravancavam e emperravam o livre fluxo da própria existência. Ela é alguém que está em paz consigo mesma. 


Fátima Irene Pinto


29 de maio de 2012

Convivência: arte da felicidade ou da guerra?!?



Creio que não haja exercício mais difícil nesta vida do que conviver com o outro. Aceitar as diferenças e administrar os conflitos, sem que isso se torne uma guerra trata-se, certamente, de uma charada sagrada.

Sim, porque sem a convivência nos tornamos como que sem propósito. Afinal, embora muitas vezes nos esqueçamos ou prefiramos ignorar esta verdade, o fato é que tudo o que fazemos e somos está a serviço de apenas um objetivo: sermos reconhecidos e amados.

Porém, é também na convivência que reside nosso maior desafio, o mais humano e intrigante aprendizado, o mais intenso conflito a que nos submetemos durante toda nossa existência, do primeiro ao último suspiro!

É quando todos os nossos sentimentos - um a um – ficam aflorados, expostos, escancarados; algumas vezes de forma linda, mágica, encantadora... mas outras vezes, de forma ridiculamente mesquinha, pequena, assombrada...

Se considerarmos que passamos a maior parte de nosso tempo no ambiente de trabalho, haveremos de considerar que são as relações nutridas neste lugar que nos servem como práticas mais recorrentes.

Embora, geralmente, não estejam aí nossos encontros mais caros, é no trabalho que trocamos nosso comportamento por um valor determinado, previamente combinado, estejamos satisfeitos ou não com este montante. Portanto, este pagamento nos induz, muitas vezes, a agir de modo comedido, engessado, como quem cumpre um script sem considerar os verdadeiros sentimentos.

Acontece que não fomos feitos para o fingimento e sim para a autenticidade, seja ela bonita ou não. Assim, mais cedo ou mais tarde, é quem realmente somos que fica em evidência e é a partir daí que encontramos bem-estar ou desespero, alegria ou angústia, prazer ou dor, conciliação ou tormento.

Justamente por isso que acredito piamente ser a gentileza nosso maior trunfo. Obviamente que não falo da gentileza protocolar, mas daquela genuína, capaz de promover a paz nos relacionamentos do cotidiano. Por isso, embora realmente seja difícil praticá-la em algumas ocasiões, penso que é urgente começarmos a ser gentis com aqueles que dividem conosco o ambiente de trabalho e com quem compartilhamos a mesma casa, o mesmo quarto e a mesma cama.

Por quê? Pra que? Até quando? Bem... se ao menos tentarmos e nos abrirmos para sentir os benefícios que a gentileza pode trazer para nossas vidas, tanto do ponto de vista interno, quanto relacional, certamente faremos um esforço.Seguem algumas dicas para ser gentil na convivência:

1. Tente se colocar no lugar do outro. Tente de verdade, com todo o seu ser. É eficiente demais esse exercício!


2. Aprenda a escutar. Esvazie seus ouvidos para absorver o que o outro está dizendo. Aí pode estar a solução que nem ele ainda foi capaz de enxergar.


3. Pratique a arte da paciência. Julgamentos e ações precipitadas tendem a causar desastres horrorosos.


4. Peça desculpas, especialmente se esta opção lhe parecer difícil demais. Isso pode definitivamente mudar a sua vida!


5. Procure ao menos três qualidades no outro e perceba que esse hábito pode promover verdadeiros milagres.


6. Respeite as pessoas quando elas pensarem e agirem de modo diferente de você. As diferenças são verdadeiras preciosidades para todos.


7. Demonstre interesse pelo outro, por seus sentimentos e por sua realidade de vida.


8. Analise a situação. Deixe a decisão para o dia seguinte, se estiver de cabeça quente. Alcançar soluções pacíficas depende também do seu equilíbrio interno.


9. Faça justiça. Esforce-se não para ganhar, como se as eventuais desavenças fossem jogos ou guerras, mas para que você e as pessoas ao seu redor fiquem bem!


10. Seja gentil. A gentileza nos leva a resultados criativos e produtivos e ainda desvenda a charada da convivência: único meio de nos sentirmos verdadeiramente realizados!




Rosana Braga

27 de maio de 2012

Um caminho sem volta




Nesta vida, ninguém estaciona nem regride, porque ninguém escapa da experiência do aprendizado. Simples assim. Não há imunidade capaz de nos proteger contra as lições diárias – das mais bobinhas às mais crueis. No amor, por exemplo, o máximo que se consegue é repetir padrões prejudiciais por muito tempo, não por uma vida inteira. Pois a cada repetição sempre fica alguma coisa, nem que seja o cansaço de tanto sofrer, que muitas vezes serve de mola propulsora para o renascimento de outra pessoa, com novos conceitos, mais limites ou menos ilusões, dependendo do que cada um precisa entender.

Indo mais além, será que as pessoas se ligam a outras por afinidades negativas também? Por exemplo, se uma mulher (vale para os homens) escolhe sempre um par dotado de egoísmo exagerado, será que no fundo ela esconde egoísmo proporcional? Ou seria ao contrário? O que dizer da mulher que sempre se apaixona por seres completamente indisponíveis? Alguma chance de ela estar indisponível também e nem se dar conta disso? Sem falar daquelas que buscam os mais belos, os mais ricos, os mais sarados. Gosto pessoal, inveja ou superficialidade?

Ninguém está aqui para julgar, entretanto vale uma autoanálise sobre padrões de escolha que têm se repetido em sua vida e que, claro, fazem muito mal. Como aqueles mais graves em que a mulher se relaciona com homens agressivos ou excessivamente ciumentos (outra forma de agressão). O que estaria por trás disso? Agressividade guardada? Zero de amor-próprio?

Paulo Coelho escreveu no livro 11 Minutos que, no sadomasoquismo, quem manda é o masoquista. É ele quem coloca o limite para o sádico. Isso significa que quem está sofrendo tem de dizer a hora de parar. Bobinhas ou crueis, todas as experiências amorosas são válidas para o aprendizado. E o caminho é sem volta porque, entre tropeços e corações feridos, em algum momento chegaremos mais perto do amor que emana leveza, generosidade e respeito pela individualidade. Enquanto isso, como diz Luiz Gasparetto: “A vida coloca você onde você se coloca”. Assim, seguimos aprendendo!


Fernanda Santos 







Quem nos ajuda a ser feliz?



Existe uma rede de seres ao nosso redor aos quais nunca ou quase nunca chegamos a nos encontrar com eles, talvez os vejamos de passagem ao longe.
Quando chegamos já se foram, quando saímos do trabalho, eles estão se aprontando para começar o trabalho deles.

Às vezes, cruzamos com eles pelas ruas, entrando ou saindo de algum lugar. Estão lá dentro escondidos por trás do fogão, espalhando farinha na massa, ateando fogo na lenha do forno da pizza, rapidamente estão correndo para lavar e repor os pratos na mesa de entrada no lugar que almoçamos quase todos os dias.

Mas não os vemos, não sabemos os seus nomes, qual a cor de seus olhos, se são altos os baixos, se são homens ou mulheres que estão cozinhando para que possamos comer.

Não sabemos quem é o entregador do jornal, quem é o carteiro que passa pela nossa calçada. Quem é o rapaz que corre e some com o saco de lixo que deixamos na calçada. Quase nem notamos o responsável pela limpeza pública que varre e ensaca tudo que não foi devidamente jogado no cesto de coleta. Quem é a mocinha que repõe o estoque de bandejas de queijo na prateleira de supermercado? Também não a vemos, também não sabemos quem é. Até mesmo o cara que se veste de Papai Noel e fica na porta da loja conversando com os nossos pequenos.

São tantos os serviços prestados e que com certeza facilitam a vida diária; mas nem por isso nos damos conta. Estamos sempre com o pensamento em outra coisa, no próximo horário da agenda, no compromisso a seguir, que não nos lembramos de agradecer ou elogiar o cozinheiro pelo gostoso almoço que pudemos saborear, de dar um rápido bom dia para o gari que conosco cruza na rua.

Seres que não tem nada de diferente de nós, trabalham e comem, andam pelas ruas, em conduções que foram limpas por outros seres que também não são vistos por muitos, mas que estão lá. Cumprindo seus papéis para que o nosso dia seja melhor.

Na verdade é um conjunto de pessoas anônimas que nos ajudam a ter um dia mais gostoso; com uma comidinha saudável, bem mais leve. Com ruas mais limpas, o vagão do metro limpo, a plataforma que esta pronta para nos receber.

Somos todos visíveis e ao mesmo tempo invisíveis! Mas é bom saber que existe uma rede de pessoas que nos auxiliam a todo instante, a quem precisamos fazer o possível para perceber, cumprimentar e agradecer pelo fato de estarem mesmo que nos "bastidores" contribuindo e facilitando a vida.

Reconhecendo que sozinhos fica bem mais difícil dar conta do que temos que fazer em nosso trabalho, na vida pessoal ou social, afinal, é uma gama de pormenores do dia-a-dia, para podermos realizar qualquer um dos nossos propósitos de vida que bem pode ser o de "simplesmente ser feliz!" 
Cássia Marina Moreira


25 de maio de 2012

Muita aparência pra bem pouca consistência!




Praticamente impossível não surgir ao menos um assunto incluindo o tema relacionamentos numa rodinha de bate-papo, seja entre homens, mulheres ou os dois juntos.

É de praxe falar sobre um casal conhecido, a própria relação ou sobre casos ouvidos. Ou seja, a grande maioria das pessoas sempre tem uma opinião, uma história ou uma experiência vivida que inclui afeto, amor, paixão e todos os sentimentos consequentes.

Acontece que, cada vez mais, tenho tido a impressão de que o que se fala não é exatamente o que se sente. Ou melhor, a maneira com que se tem falado das situações que envolvem o coração é bem destoante do modo com que se tem vivido os sentimentos.

A meu ver, temos maquiado nossas palavras e colocações a fim de mostrá-las seguras, cheias de certezas, tão certas a ponto de tornarem-se inflexíveis, ao menos aparentemente. Parece-me que estamos convencidos de que precisamos provar que temos uma autoconfiança e uma auto-estima imbatíveis, indestrutíveis, sobre-humanas talvez...

Mas estou certa de que a realidade não é bem essa! Na solidão de cada quarto, no consolo de um ombro amigo, nas confissões feitas nos divãs e até na busca esperançosa nos templos, igrejas e orações, fica evidente que há bem pouca consistência nesta aparente perfeição.

Mais do que isso, a fragilidade e os intermináveis questionamentos que rondam tantos corações estão gritando em cada relação vivida e até mesmo naquelas não-vividas. A carência, o medo de sofrer, dúvidas sobre o que fazer e como agir revelam o quanto o ego de tanta gente está bem maior do que sua consciência.

Por quê? É... também me faço esta pergunta e não a encontro em absoluto, pois felizmente não sou dona da verdade, mas suponho que elas têm tentado – a todo custo – tão somente se defender. Entretanto, de tão defendidas, de tão cheias de couraças, escudos e máscaras, terminam subjugando sua essência e, portanto, se distanciando daquilo que realmente sentem.

Creio que a autopercepção seja um bom primeiro passo. Observarmos aquilo que estamos dizendo, pensando ou fazendo é uma maneira eficiente de constatarmos o quanto nossas palavras têm estado desafinadas com o que carregamos no peito.

Frases carregadas de prepotência, do tipo eu sou assim e pronto, se quiser, ele (ou ela) que mude de idéia, ninguém vai mandar em mim, entre outras, só servem para encorpar um orgulho que não nos preenche e nem nos satisfaz.

Que a partir de agora, possamos admitir mais: não sei, talvez eu tenha mesmo que mudar de ideia, quem sabe eu esteja enganado?, estou confuso, com medo, precisando de ajuda...

E que assim, bem mais consistentemente humanos, possamos nos encontrar num abraço maior que nossos próprios braços, que nos acolha não porque parecemos sempre certos, mas porque somos sempre ‘gente’... e gente precisa de afeto!

Rosana Braga

As prisões de cada um



Todos cometem pequenos ou grandes delitos. E no amor, como fica esse balanço? Uns nem imaginam que fizeram faltas com consequências tão graves; outros acham que estão no máximo do pecado e se julgam criminosos hediondos, quando na verdade ninguém foi prejudicado a não ser eles mesmos.

O amor tem leis próprias e uma infinidade de jurisprudências. Só que o coração é o juiz, o poder supremo – ele prende, liberta, absolve, perdoa, pune. Há que respeitá-lo, pois nele ninguém manda. No máximo, podem afrontá-lo de forma dura, ou enganá-lo por vias escusas. Quem tem essa capacidade? A razão, sem dúvida. Embora não tenha poder absoluto, é dotada de força avassaladora, já que é ela quem, de fato, descumpre as ordens do coração.

Essa conversa está muito burocrática né? Tudo isso para dizer que o coração tem razões que a própria razão desconhece; que a razão sufoca, invade, invalida e, acima de tudo, aprisiona o sentimento de um jeito implacável. Infelizmente, não dá para sair por aí fazendo tudo o que o coração quer, mas tornar-se refém da razão também não está entre as dez atitudes mais saudáveis do mundo.

Outro dia li uma frase que diz mais ou menos o seguinte: quando alguém está na sua cabeça é porque ainda não saiu do seu coração. Existem pessoas que esmagam o coração alheio sem entender que o primeiro a ser machucado é o delas.

Assim como existe gente que brinca com o coração do outro sem esperar que o seu próprio um dia lhe pregue uma peça. E finalmente ainda há aqueles que são sinceros, mas acabam engolidos pelo aprisionamento da razão. Choram em silêncio, travam uma disputa desleal entre o querer e o não poder, não arriscam, não extravasam, apenas sentem um ritmo acelerado, tão acelerado que, a qualquer momento, vencem a barreira da razão e se permitem transgredir. Resta saber se esse coração será punido ou absolvido.


Fernanda Santos 






24 de maio de 2012

Bem me quer, mal me quer




Pior, muito pior que ter certezas dolorosas, é ter incertezas. Quando sabemos, pelo menos fica decidido, dói, a gente chora, finge que se esquece, diz que não aceita e acaba por aprender a conviver com a verdade.

O ciúme é um sentimento pernicioso que não destrói somente uma relação, mas as partes envolvidas. Ele cria feridas tão profundas que podem nos marcar (e o outro) para toda a vida.

O ciumento costuma dizer: "eu tenho ciúme porque te amo" quando na realidade deveria ser mais honesto dizendo: "tenho ciúme porque acho que você me pertence."

Ora, ninguém pertence a ninguém!!! As pessoas doam-se por amor e continuam elas mesmas. Escolhem voluntariamente estar junto e continuam a ter o direito de respirar sozinhas e se assim não for, melhor que cada qual fique do seu lado.

Se o relacionamento é uma brincadeira de bem me quer, mal me quer, te amo apaixonadamente ou não te amo, então ele não vale a pena.

É insano querer fechar o ser amado num quarto sem portas e sem janelas, impedi-lo de ter amigos e de poder apreciar a vida como se deve ser.

Nada pior para uma relação do que a incerteza do amor do outro, mas ainda o julgar de tudo o que o ele faz, com quem anda, para onde olha... o querer saber a todo custo os pensamentos que passam pela sua cabeça e as emoções que atravessam seu coração.

O amor não é uma prisão, mas um campo aberto ao sol e às flores. É a brisa suave do fim do dia e o sereno da madrugada. É um dar as mãos voluntário.

Ter alguém que desconfia todo o tempo de tudo o que fazemos é humilhante. É como se não fôssemos capazes de andar sozinhos e escolher livremente por onde andamos ou com quem estamos. Conviver com pessoas assim é altamente destrutivo.

As pessoas são ciumentas porque não se sentem amadas ou não têm certeza que são amadas o bastante para que o outro fique com elas por escolha livre.

Elas acham que não são merecedoras do amor e por isso precisam aprisioná-lo.

Essas pessoas precisam, antes de tudo, conhecer a razão de tanta insegurança, curar-se desse mal, desenvolver um bom relacionamento de si para si e só depois poderão abrir-se ao mundo.

Elas deverão amar-se e, por conseqüência, achar natural que o amor venha a elas, não porque ela criou-lhe amarras, mas porque ele descobriu um lugar seguro para morar e para onde, de onde ele estiver e por onde andar, vai querer voltar.



Letícia Thompson

23 de maio de 2012

Cuidado para não ser igual



Fomos educados a seguir determinados padrões para sermos aceitos na sociedade. Fomos comparados aos nossos irmãos, vizinhos e colegas que, supostamente, serviam de exemplo de comportamento. Fomos ensinados nas escolas a seguir padrões de raciocínio, formas de absorver as informações, sem questionarmos nada.

O problema maior não é somente termos experienciado situações mencionadas acima. A grande frustração do ser humano vem justamente da aceitação de que temos que ser iguais para sermos felizes ou aceitos.

Estamos o tempo todo nos comparando a exemplos de sucesso como se a receita estivesse sempre fora de nós. Agora, se estou preocupado em ser o que o outro é, como serei o que sou? Por isso tantas pessoas não conseguem escolher nem o que vão comer em um restaurante, quanto mais o que querem aprender e desenvolver nesta nossa experiência maravilhosa que é a de viver neste planeta.

Falta coragem às pessoas de serem o que elas são. Passam a vida inteira se violentando em tarefas diárias, com pessoas que não te agradam e situações que não alimentam.

A falta de autoconhecimento leva a problemas tão atuais hoje em dia como a síndrome do pânico, depressão, desanimo, apatia etc..

Você não precisa lutar para ser diferente, você já e!

Chega de lutar para ser igual. A vida é uma experiência única e está em suas mãos fazer dela um aprendizado alegre ou um simples contar dos dias.



Simone Arrojo 







22 de maio de 2012

Sensibilidade





Ela brota dos meus poros, me faz chorar e rir por coisas tão pequenas... Me faz sonhar grande! Ela me faz ver além, querer ir fundo, sentir o que passa no teu coração e me despir de primeira pra quem me dá a mão. Ser sensível requer coragem, não de músculos, nem lágrimas, ou força... Mas entregar o coração e sentir o do outro... Sentir as pequenezes da vida, dos pequenos seres, sofrer e amar tudo que vibra. A maldade ínfima se torna imensa e uma formiga se torna um leão. Toda vida que sofre me dói e meu coração quer salvar o mundo.

Essa intensidade assusta, dá vontade de sair entregando flores pra todo mundo, e, ao mesmo tempo, vontade de esconder e conter isso tudo para não parecer boba. Cabe tanto segredo aqui dentro, tanto amor, eu guardo a sete chaves tua vida, mas tenho medo de falar da minha.... Parece que as pessoas não guardam mais nada.... É muita coisa compartilhada, e eu sou uma ET por achar que privacidade é "coisa privada"....

Essa capacidade de sentir, devia ser dosada, deveria ser possível escolher o que sentir... Nossa! Eu sinto de tudo, num TODO, tão forte que acho que não SOU mais, eu SINTO. (...)

Em tempos de dedicação e docilidade escassa - pois nunca se tem tempo e o olho vê só o umbigo - esse amor e esse sentir tão claro e desprendido chega a assustar.... Um elogio é estranho, é mais fácil criticar......

Eu quero esse cuidado espontâneo com os outros, comigo. Tenho vontade que ninguém sofra por nada. Ser sensível aqui na terra dói, requer muita coragem. Muita. Toda hora.

Sinto saudade do verdadeiro, dos laços fortes, de antigamente, de gente madura e inteligente, da bondade que anda tão minguada, mas que noto estar crescendo em algumas pessoas... Sinto falta de bom senso. Ai, como eu sinto....

Estou muito emotiva, nostálgica, apaixonada...Sinto uma saudade de fazer a alma marejar, de um lugar que não sei onde é, mas que existe.... De alguém que foi e sinto todos os dias a falta... Sinto vontade de estar lá... Quando chega esse sentir, eu experimento, com toda a dor e verdade como saboreio a felicidade.

Não se admire se eu me afastar... Porque estou me aproximando do que vibra em sintonia comigo...Cada dia meu coração busca o completo, ele está cansado de pessoas mesquinhas, de fofocas e julgamentos, as pessoas mostram aparências; eu quero essência... Estou buscando o simples, a minha liberdade, o caminho do meu coração e amigos de verdade.

Eu até já tentei ser diferente, fazer o que não gostava, suportar o que achava errado, me calar, baixar a cabeça, agir como queriam, fazer de conta que não vi, não senti.... Mas eu vi, eu senti. e SINTO...

Não tem mais jeito: só consigo ser de um jeito: igual a mim!


Carolina Salcides







21 de maio de 2012

O que é ser feliz?



"A felicidade consiste em ser o que se é", afirmava Erasmo de Rotterdam no Elogio da Loucura". "A felicidade é algo final e autosuficiente, é o fim a que visam as ações", disse Aristóteles.

Ser feliz é, muitas vezes, uma ideia associada a modelos previamente estabelecidos por nossa sociedade: o consumo desenfreado, a posse de objetos, dinheiro, fama, poder, status e o consumo de drogas lícitas ou ilícitas Se observarmos nossos modos de vida hoje, veremos o quanto investimos na busca da felicidade, na ausência do sofrimento, na anestesia para as dores da existência. Ser feliz é, muitas vezes, uma ideia associada a modelos previamente estabelecidos por nossa sociedade: o consumo desenfreado, a posse de objetos, dinheiro, fama, poder, status. Quanto mais temos, mais tememos perder. Quanto menos temos, mais infelizes parecemos ser diante desse modelo.

Necessitamos atingir os parâmetros estipulados por um modelo econômico/social? Nossa felicidade se resume a quanto podemos gastar? E quando não temos recursos para gastar? E quando gastamos muito e, ainda assim, não atingimos o que considerávamos ser um estado de felicidade?

Há uma forte tendência atual a buscar a felicidade em drogas ou medicamentos. Anestesias para os problemas da existência, felicidade artificial, encontrada em drogas lícitas ou ilícitas. Necessitamos desses recursos? Se minha infelicidade é fruto de um problema que não resolvi, uma droga que provoque um estado de torpor, ou de felicidade artificial resolverá o problema?

Este é o movimento de muitas pessoas hoje. Buscam entorpecer-se para esquecer o que lhes traz sofrimento, o que lhes perturba a existência. Com isso, deixam ao lado os problemas, que ali permanecem, exigindo doses das drogas ou dos medicamentos cada vez maiores, somente assim conseguem não enxergar o que lhes perturba. Quando as dores se tornam insuportáveis, uma opção, muitas vezes, é desistir. Assumir o fracasso da existência e esperar, com a derrota, a morte.

Das muitas formas de morte, aquela que faz os dias parecerem sem fim, aquela que nos impede de ser o que somos, a morte em vida, é extremamente dolorosa. Então, mais alguns medicamentos para suportar a espera do fim. É preciso viver desta maneira? Alguém opta, livremente, por esta forma de existência?

Poderia ser um caminho mais adequado buscar formas para solucionar as questões que nos incomodam, ainda que isso implique em algum transtorno, em um pouco de sofrimento, em algumas dores? Talvez seja dolorido afastar os erros, os enganos, as falsas opiniões. Talvez seja triste descobrir que algumas coisas não são como pensávamos que fossem. Mais triste talvez seja perceber que o que escolhemos como caminho não é bem como imaginávamos ser. O que fazer diante de situações dessa natureza? Como produzir vida em nós?

"A felicidade consiste em ser o que se é", afirmava Erasmo de Rotterdam no Elogio da Loucura. Conhecer e respeitar aquilo que somos, as nossas necessidades, encontrar modos para exercer o que somos, pode ser um caminho saudável para a existência. Distante de padrões estipulados socialmente, longe da hipocrisia social que exige a anulação do que se é, como forma de ser, podemos valorizar tudo o que produz vida em nós.


Monica Aiub 
Texto resumido por Lena Simões


Acabando com o autoboicote






Por que será que muitas vezes nos vemos estagnados, sem força para agir? Ou pior, tudo começa a dar errado, ficamos confusos e nos colocamos no papel de vítima ou de sofredor?

Esse quadro, apesar de fatalista, ocorre em maior ou menor grau em todos nós. E a resposta é sempre a mesma: nós nos autoboicotamos! Seja por traumas passados, seja por complexo de inferioridade, seja por pura precaução, temos a incrível capacidade de fomentar nossa própria destruição. Pode ocorrer de uma maneira quase que imperceptível, quando, por exemplo, nos entregamos a um vício não tão forte, ao sedentarismo, à ansiedade ou a uma leve depressão. Mas o quadro fica mais complicado quando nos confrontamos com uma auto-sabotagem mais forte, quando nos tornamos escravos de um vício, da depressão profunda, da automutilação ou de problemas sérios de saúde, a diabete entre elas.

Existem inúmeras terapias bastante eficazes em trazer de volta o equilíbrio do eu e, com ele, a cura e a percepção do ser íntegro e pleno de opulência que de fato somos. No entanto, enquanto não nos confrontarmos com esse "inimigo" que existe dentro de nós, dificilmente reverteremos o problema, não importa qual seja a terapia. Esse inimigo somos nós mesmos, incentivados pelo que chamamos de "ganho secundário". Esse ganho com a dor é o prazer de ser a vítima, de sofrer, seja para castigar alguém mais, seja para castigar a si próprio por algum sentimento de culpa ou seja para continuar em sua própria zona de conforto, sem ter de lutar para vencer.

Não importa aprender na teoria que somos os heróis, capazes de vencer e obter a paz, enquanto não formos mais a fundo, entendendo que o buraco é mais embaixo. Se dependêssemos apenas da inteligência, teríamos soluções para tudo. Mas por que, então, não fazemos aquilo que sabemos que tem de ser feito? Por que, apesar de querer largar um vício sabendo de seus malefícios, não somos capazes de fazê-lo? Por que, mesmo sabendo que deveríamos manter o pensamento positivo, somos tão assolados pela negatividade?

Podemos responder que nosso inconsciente assim o quer. É aí que estamos nos deixando levar pelo autoboicote, que abrange sentimentos tais como: ausência, bloqueio e clareza.

Nos sentimos carentes de algo, quando estamos desalinhados entre nosso talento e desejos. Ou seja, queremos fazer algo, mas não temos a capacidade ou talento para tal. Ter claro qual é o propósito na vida já é, em si, a porta para a cura e isso requer um exercício forte de autoconhecimento e espiritualidade. Mais do que tudo, é necessário coragem para poder mudar o rumo e assumir nova realidade, para aprender algo novo e deixar de lado o velho. Enquanto não estivermos claros nesse ponto, iremos sempre protelar ou nos esconder sob alguma desculpa, ou pior, doença.

As barreiras que nos impedem a cura são as crenças limitantes de nos acharmos imperfeitos(as), de mantermos emoções negativas (medo, culpa, dúvida, ressentimento, etc.) e de nos deixarmos levar por condições físicas adversas. A base desse bloqueio é o sentimento inconsciente de insegurança e falta de autoestima. Por precaução, terminamos nos impedindo de ir em frente. Como isso é uma armadilha do inconsciente, vale estarmos cientes desse conceito e assim será mais fácil processarmos a mudança.

Quanto à clareza, faz-se necessário saber ouvir a intuição, a voz interna. Muitas vezes a situação ainda não está madura e temos que esperar. Isso pode ocasionar impaciência, desânimo e desejo de mudar de rumo. Mas talvez seja apenas uma questão de esperar o sinal verde. Pode muito bem ser, também, que o rumo não esteja certo. Novamente, quanto mais esclarecido estivermos sobre o que queremos, mais fácil será ouvir essa voz interna da intuição. Se não soubermos ouvir essas mensagens do guia interno, nosso inconsciente fará de tudo para que as coisas não dêem certo. Com esse guia ficamos cada vez mais esclarecidos sobre o quê e em que momento fazer.

A auto-sabotagem não precisa necessariamente ser considerada um inimigo. Temos apenas que compreender que uma parte de nós está tentando nos ajudar ou nos proteger. É só uma questão de aprender a usá-la e não necessariamente ir contra ela. Dessa maneira, mais do que simplesmente ficarmos cientes de nossa condição de vítima, estaremos dando um basta ao autoboicote.



Eneas Guerriero 

16 de maio de 2012

Simples assim



Gosto da minha casa.

Gosto das minhas flores: flores lilás, lavandas, hortências e tulipas rosas.

Gosto da cor branca (em tudo agora)...de sentir a paz, o silêncio e o perfume de alecrim.

Gosto de pisar no tapete de pele, sentir o ar gelado entrando pela fresta, usar meias listradas.

Gosto de olhar pela janela as folhas dançando com o vento, a palmeira arranhando meu vidro....

Gosto de sentir o sol da manhã aquecendo meu corpo.... de sentir o cheio de café novo.

Gosto do silêncio da noite, da lua cheia gigante na sala.... da taça de vinho na mão.

Gosto de sentir o conforto, o calor, o amor, as mãos entrelaçadas....

Gosto de misturar temperos, ouvir música francesa.... usar kimono florido.

Gosto de ver como as plantas crescem quando se cuida.... e murcham de repente.

De como a chuva cai sem pedir licença. De como se forma um arco-íris na parede.

Gosto de ver como a vida pode ser simples e surpreendente.

De como a rotina pode ser a mesma e ser diferente.

Gosto de sentir que o amor cresce... gosto de ver quando o olho brilha.

Gosto de sentir a leveza, a liberdade.

Gosto de me sentir assim: em plena Felicidade!

Simples, assim.


Carolina Salcides





10 de maio de 2012

Com o coração aberto






Às vezes, na estranha tentativa de nos defendermos da suposta visita da dor, soltamos os cães. Apagamos as luzes. Fechamos as cortinas. Trancamos as portas com chaves, cadeados e medos. Ficamos quietinhos, poucos movimentos, nesse lugar escuro e pouco arejado, pra vida não desconfiar que estamos em casa. A encrenca é que, ao nos protegermos tanto da possibilidade da dor, acabamos nos protegendo também da possibilidade de lindas alegrias. Impossível saber o que a vida pode nos trazer a qualquer instante, não há como adivinhar se fugirmos do contato com ela, se não abrirmos a porta. Não há como adivinhar e, se é isso que nos assusta tanto, é isso também que nos dá esperança.

É maravilhoso quando conseguimos soltar um pouco o nosso medo e passamos a desfrutar a preciosa oportunidade de viver com o coração aberto, capaz de sentir a textura de cada experiência, no tempo de cada uma. Sem estarmos enclausurados em nós mesmos, é certo que aumentamos as chances de sentir um monte de coisas, agradáveis ou não, mas o melhor de tudo, é que aumentamos as chances de sentir que estamos vivos. Podemos demorar bastante para perceber o óbvio: coração fechado já é dor, por natureza, e não garante nada, além de aperto e emoções mofadas. Como bem disse Virginia Woolf, “não se pode ter paz evitando a vida".





Ana Jácomo